I SÉRIE — NÚMERO 77
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Sobre essa criatividade, a Deputada Assunção Cristas, que falou muito, não falou. Não tiveram tempo de
falar, mas o vosso silêncio não faz esquecer a forma como nunca se preocuparam com a sustentabilidade da
segurança social e como, nesta área e noutras, governaram sistematicamente contra a Constituição.
Criatividades destas, Srs. Deputados, o Partido Socialista dispensa em absoluto!
O Partido Socialista entende que não é possível resolver a sustentabilidade financeira ou social da segurança
social se não houver emprego e salários dignos, porque sem eles não há contribuições e os défices surgem. A
instabilidade laboral também impede muitos portugueses de terem filhos, algo essencial, a par da imigração,
para a inversão da nossa tendência demográfica.
É por isso que os principais inimigos da sustentabilidade da nossa segurança social pública são aqueles que
defendem a flexibilização laboral, são aqueles que estiveram contra a regularização dos precários, são aqueles
que se opuseram ao aumento dos salários, são aqueles que recusam diversificar as fontes da segurança social
e são aqueles que votaram contra os aumentos das pensões. Nós não precisamos de ir muito longe para
sabermos quem são: eles sentam-se nas bancadas do PSD e do CDS, nesta Câmara!
Aplausos do PS.
Mais: PSD e CDS abalroaram a confiança dos portugueses no nosso sistema público de segurança social,
quando propuseram um corte de 600 milhões de euros nas pensões a pagamento e quando referiram, no seu
programa eleitoral, que iam privatizar uma parte dos descontos dos portugueses.
O Sr. PauloNeves (PSD): — Não é verdade! Não é verdade!
O Sr. TiagoBarbosaRibeiro (PS): — Por isso, da próxima vez que a Deputada Assunção Cristas for a uma
empresa falar com trabalhadores, criticar este Governo, como ainda na semana passada fez, dizendo que os
rendimentos são baixos, pode aproveitar e pedir-lhes desculpa por ter votado nesta Assembleia contra os
aumentos dos salários e das pensões, juntando à sua propaganda notícias como uma que tenho aqui, do Sol,
que comprova que o CDS, tal como o PSD, também quis cortar pensões no País.
Aplausos do PS.
Srs. Deputados, não lancem receios infundados! Parem com a campanha do medo! Vão dizer isso, olhos
nos olhos, aos portugueses! Assumam-se como a vanguarda dos interesses privados no mercado de pensões
e podem ter a certeza de que o Partido Socialista cá estará para a defesa do interesse geral de todos os
trabalhadores, de todos os reformados e de todos os pensionistas.
Protestos do PSD.
A Sr.ª Inês Domingos (PSD): — Tenha vergonha!
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Temo-lo demonstrado ao longo da Legislatura e podemos medir o
sucesso dessa política com os resultados que temos no Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social,
garante último dos pagamentos das pensões, que ultrapassou, pela primeira vez, os 18 000 milhões de euros,
chegando quase a 9% do PIB.
Demonstramos, assim, que não há inevitabilidades quando discutimos o modelo de pensões. Há opções
políticas, opções que não ignoram dinâmicas de envelhecimento, mas opções que alguns rejeitam porque estão
obcecados com descontos obrigatórios para fundos privados de pensões.
E é porque falamos de opções, Sr. Primeiro-Ministro, que lhe pedimos que deixe uma mensagem de
confiança a quem nos ouve, perante esta campanha de pavor e de medo da direita.
O Sr. Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.