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I SÉRIE — NÚMERO 79

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preparar a formação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e, pelo meio, começando a viver

o repto da integração europeia.

Ninguém ousará dizer que, nessas décadas, os jovens de 74 e, com eles, os mais antigos e os mais recentes

não viveram uma aventura agitada, exigente, não linear, cheia de altos e baixos.

A Revolução: dois anos.

O arranque da democracia, primeiro com o Movimento das Forças Armadas, mais seis anos, depois, de base

exclusivamente eleitoral, a partir de 1982.

A adesão às comunidades europeias: processo de oito anos.

O lançamento da CPLP: mais 11 anos.

No entretanto, a aproximação do nosso regime económico aos europeus durante quase 20 anos, inúmeros

dos quais após a própria adesão.

Para muitas portuguesas e muitos portugueses, a descoberta da própria liberdade chegaria com a da

democracia e uma e outra com a conversão de um império colonial de cinco séculos em membro de

comunidades, que não sendo inéditas nas raízes o eram nos seus contornos políticos, económicos e sociais.

Claro que, no essencial, continuamos a ser o que sempre fomos — e bem! —, por corresponder à nossa

vocação cimeira: plataforma entre culturas, civilizações, oceanos e continentes.

Claro que, por vezes, assumimos essa viragem histórica singular, que é o encerrar de um ciclo de cinco

séculos, como se de uma suave, natural e pacífica transição, sem dor, se tratasse.

Somos inexcedíveis nesse fazer de conta de que mesmo o mais difícil é fácil e de que o mais profundamente

diverso não passa de um subtil acidente de percurso.

Hoje, 45 anos depois, manda a verdade, porém, que digamos: nós, os jovens de 74, que continuamos a

preferir a democracia, mesmo a mais imperfeita, à ditadura, mesmo a mais incensada, que preferimos o

reformismo, mesmo o mais arrojado, à rutura demagógica feita de basismos ilusórios, de messianismos de

messias impossíveis, de sebastianismos de passados que não voltam, que queremos mais, muito mais, da

nossa democracia social e cultural, que queremos melhor, muito melhor, da nossa democracia política e

económica,…

Aplausos da Deputada do PSD Regina Bastos.

… não estamos dispostos a esquecer o que fizemos para ultrapassar barreiras, exclusões e discriminações

de há quase meio século.

Esperamos mais, muito mais, da Europa e da comunidade dos países falantes em português, mas não

cedemos a tentações ou marginalizações serôdias nem a xenofobias ou a traumas pós-coloniais, sejam quais

forem os pretextos ou as seduções do momento.

Aplausos do PSD, do PS e do CDS-PP.

Não vemos estes 45 anos como obra perfeita, completa, acabada, que nos deixe deslumbrados,

autocontemplativos, realizados. Longe disso, desejamos muito mais e muito melhor, mas reconhecemos que

valeu a pena o passo fundador.

Valeu a pena o 25 de Abril!

Valeu a pena mesmo aquilo que, ao longo das décadas, custou a tantos, de destinos sacrificados ou de

metas ainda não realizadas.

Valeu a pena. Quem o diz é um dos milhares de jovens desse início dos anos 70, então conhecedor das

vicissitudes do estertor da ditadura, agora Presidente da República, em democracia, pelo voto dos portugueses.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: E hoje? O que pensam, o que sentem, o que querem os jovens de

2019? É que os regimes, em particular as democracias, não se quedam na visão dos passados, têm de saber

responder aos desafios dos presentes e dos futuros.

Para esses jovens basta acenar com o existente em pós-descolonização, desenvolvimento e democracia, ou

os seus sonhos e as suas necessidades são muitíssimo mais fundos e vastos?

Pós-descolonização? Sim.