26 DE ABRIL DE 2019
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Paralelamente, vemos o jornalismo profissional, feito de acordo com as regras deontológicas, a perder
espaço na formação da opinião.
Ora, uma democracia sem direito à informação e sujeita à lei do boato e da pura propaganda não é uma
democracia digna desse nome.
Como dizia Hannah Arendt, «a liberdade de opinião torna-se uma farsa quando a informação sobre os factos
não está garantida e quando os próprios factos não são o objeto do debate».
Este é um debate que se impõe, porque nenhuma democracia está imune a estes riscos, nem sequer a mais
antiga democracia do mundo.
Minhas Senhoras e Meus Senhores: Com todos os seus defeitos, o projeto europeu trouxe ao velho
continente a paz, a democracia e o desenvolvimento. Por vezes, é preciso lembrar aquilo que é elementar.
As pessoas estão disponíveis para ouvir os seus representantes. Assim eles ouçam, falem e decidam de
acordo com os compromissos assumidos.
É preciso lembrar que, num mundo cada vez mais integrado, a margem de manobra nacional reforça-se com
dinâmicas de integração regional.
Nenhum dos grandes desafios estratégicos que enfrentamos será melhor resolvido por cada Estado
isoladamente. É assim com as alterações climáticas, com o combate ao terrorismo — que, cobardemente, ataca
todos, desde o Sri Lanka e a Nova Zelândia até à França e aos Estados Unidos —, com a fraude fiscal e o
branqueamento de capital, com os desafios da transição digital e das migrações.
O tempo do orgulhosamente sós já lá vai. Os portugueses deixaram esse tempo para trás há 45 anos e não
querem lá voltar!
O tempo não volta para trás.
Aplausos do PS e do Deputado não inscrito Paulo Trigo Pereira.
A questão está em colocar a globalização, a integração europeia e a mutação tecnológica ao serviço das
pessoas. O Pilar Europeu dos Direitos Sociais tem de deixar o plano das intenções e passar para o plano da
vida concreta dos cidadãos europeus.
Minhas Senhoras e Meus Senhores: Fala-se muito de populismo, do espectro do populismo a pairar pela
Europa. Eu próprio, às vezes, me socorro da expressão.
Mas, como dizia Nanni Moretti, no filme Palombella Rossa, «as palavras são importantes».
De que falamos quando falamos de populismo? Falamos de ultra nacionalismo, de xenofobia, de derivas
autoritárias. Falamos do ódio ao imigrante, às minorias, ao parlamentarismo democrático. Falamos das novas
vestes da velha extrema-direita. Falamos da cultura do medo e da irracionalidade na política, falamos de
perspetivas de violência nas ruas e de condicionamentos de opinião.
Convém não normalizar aquilo que não é normalizável.
Aplausos do PS, do BE, do PCP, de Deputados do PSD e do Deputado não inscrito Paulo Trigo Pereira.
É mesmo da extrema-direita autoritária que estamos a falar. Uma extrema-direita que quer dividir o mundo
entre elites e massas, entre liberais e conservadores, entre cosmopolitas e patriotas. O mundo não funciona
assim. As condições de vida das pessoas não passam por divisões simplistas entre povo e oligarquia ou entre
maiorias conservadoras e minorias identitárias.
A mais profunda clivagem política continua a ser entre aqueles que combatem todas as formas de
desigualdade e aqueles que só contribuem para reforçar as desigualdades e as discriminações sociais.
Aplausos do PS, do BE, de Deputados do PSD e do Deputado não inscrito Paulo Trigo Pereira.
É este o debate que interessa à vida concreta das pessoas. É aí que está a origem do atual desencanto
democrático e do galope abstencionista.
Esta obsessão com o individual e o privado está a deslaçar as nossas sociedades.
Vozes do PS: — Muito bem!