I SÉRIE — NÚMERO 83
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A Sr.ª AnaRitaBessa (CDS-PP): — Portanto, Sr. Deputado, como é que vai ser? A carreira é sustentável e
o Estado, como pessoa de bem, tem a obrigação de pagar ou a carreira é insustentável e tem de ser
renegociada?
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª AnaRitaBessa (CDS-PP): — Onde é que está a coragem do Governo, que nunca pôs essa proposta
em cima da mesa?!
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem agora a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª
Deputada Ana Mesquita, do PCP.
A Sr.ª AnaMesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Porfírio Silva, o tempo de serviço está
reconhecido em vários Orçamentos do Estado, o que falta é concretizá-lo.
Agora, Sr. Deputado, nós gostaríamos de fazer algumas perguntas sobre esta situação: por que razão é que
o PS tornou a recuperação de um direito num verdadeiro drama, fazendo uma operação de chantagem e
instrumentalizando as justas reivindicações dos trabalhadores, para responder à sua sede de maioria absoluta?
Por que razão optou o Partido Socialista por colocar trabalhadores contra trabalhadores, tentando promover o
divisionismo e não tratando de todas as carreiras especiais em simultâneo? Em terceiro lugar, como é que o PS
justifica que, a cinco meses das eleições, o Governo ameace demitir-se, fazendo do centro do seu argumentário
a recuperação de um direito que é dos professores e de todas as carreiras dos corpos especiais? Depois, por
que razão é que o Partido Socialista agitou até à exaustão o papão dos números, sempre diferentes, ora para
cima, ora para baixo, ora para o meio, sem suporte real, sem um suporte estritamente demonstrável, apenas e
só, Sr. Deputado, para amedrontar a população portuguesa? Por que razão é que, tal como o PSD e o CDS,
também o Partido Socialista faz, efetivamente, uma inversão do seu discurso — uma cambalhota — sobre a
concretização da contagem do tempo de serviço, que aprovou em Orçamentos do Estado, que aprovou na
Resolução n.º 1/2018, uma resolução que dizia, clarinho, com todas as letras, que todo o tempo de serviço das
carreiras especiais tinha de contar para o reposicionamento?!
E, Sr. Deputado, mais uma pergunta que gostaríamos de lhe deixar: como é que justifica o apelo à
convergência ao PSD e ao CDS, por parte do PS, para garantir uma maioria que não tinha, precisamente para
poder chumbar a recuperação do tempo trabalhado pelos trabalhadores das carreiras especiais?!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem a palavra, para formular o seu pedido de esclarecimentos,
a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, de Os Verdes.
A Sr.ª HeloísaApolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Porfírio Silva, gostaria de clarificar
uma coisa, tendo em conta o discurso recorrente do PS, que é a seguinte: esta questão da contagem do tempo
de serviço para efeitos de progressão na carreira dos professores e de outros corpos especiais não é um
privilégio!
Sr. PorfírioSilva (PS): — Quem é que disse isso? Quem é que disse isso?!
A Sr.ª HeloísaApolónia (Os Verdes): — Estou a falar, em geral, dos discursos que oiço, por parte do Partido
Socialista, os quais procuram deixar passar essa ideia.
Sr. PorfírioSilva (PS): — Não, não ouve!
A Sr.ª HeloísaApolónia (Os Verdes): — Mas ainda bem que não acha. Não é um privilégio, é um direito!