I SÉRIE — NÚMERO 84
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O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr.as Deputadas, Sr. Ministro, como
referiu da tribuna, o combate à precariedade laboral foi assumido como uma das prioridades deste Governo. E
em boa hora o assumiu como tal, porque, de facto, a precariedade instalou-se de tal forma que acabou por tomar
conta da realidade laboral no nosso País, tanto no setor privado como no setor público, aliás, com o próprio
Estado a dar o mau exemplo.
Fosse através de contratos a prazo, contratos de trabalho temporário, falsos recibos verdes ou bolsas e
contratos de inserção, tudo serviu para semear o trabalho precário e desrespeitar quem trabalha. Foram anos a
procurar transformar a precariedade laboral como regra nas relações laborais, uma situação que ganhou, aliás,
uma nova dimensão com as políticas e as opções do Governo PSD/CDS que, às claras, sem qualquer pudor,
impôs o seu propósito de substituir trabalhadores com direitos por trabalhadores sem direitos.
Por isso impõe-se um combate sério contra o grave problema que a precariedade representa no nosso País.
Assim, dizemos: ainda bem que se colocou em marcha o PREVPAP, apesar de, nesta fase do processo,
muitos dos trabalhadores da Administração Pública ou do setor empresarial do Estado continuarem sem luz
verde para a sua justa regularização. Ainda assim, esperamos que o Governo conclua o processo, garantindo
que todos os trabalhadores que respondem a necessidades permanentes dos serviços fiquem com vínculo
efetivo. Nesta matéria, Sr. Ministro, não pode haver nem «mas», nem meio «mas», e o exercício é muito fácil de
fazer: a necessidades permanentes dos serviços tem de corresponder o respetivo vínculo efetivo.
Porém, Sr. Ministro, o combate à precariedade não se limita aos trabalhadores do setor público. O Estado
tem de acabar, definitivamente, com a mentira e a fraude nas relações laborais, seja no setor público, seja no
setor privado.
Quanto ao setor privado, apesar de o Governo continuar a dizer que está empenhado no combate à
precariedade, há algumas propostas do Governo em matéria laboral que o próprio Governo ainda não conseguiu
explicar de que forma essas mesmas propostas contribuem para este combate.
Por isso, deixo-lhe a seguinte questão, Sr. Ministro: sabendo nós que o período experimental representa um
elemento de precarização ainda mais grave do que os próprios contratos a prazo, uma vez que permite o
despedimento a qualquer altura e sem qualquer tipo de compensação para o trabalhador, gostaria de saber
como é que o Governo enquadra a proposta que visa alargar o período experimental no combate à precariedade.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança
Social.
O Sr. Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados,
muito obrigado pelas questões que foram colocadas.
Sr.ª Deputada Clara Marques Mendes, é notável a capacidade de a Sr.ª Deputada, olhando para o mercado
de trabalho em Portugal e para o que aconteceu nos últimos três anos, considerar que as políticas do Governo
foram um «falhanço» — palavra da Sr.ª Deputada. Mais 350 000 postos de trabalho é um falhanço?! Quando
os senhores previam uma taxa de desemprego de 11% para 2019, acham que 6,7% é um falhanço?!
Aplausos do PS.
E, Sr.ª Deputada, não são apenas estes números.
Nestes três anos, a criação de emprego por conta de outrem foi até a mais relevante do emprego total.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Eu também disse isso!
O Sr. Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: — Nestes anos, no emprego por conta de
outrem, já ultrapassámos o valor mais alto de sempre no mercado de trabalho em Portugal, um valor mais
elevado do que em 2008.
A Sr.ª Deputada diz que o Governo não combate a precariedade. Sr.ª Deputada, da experiência do passado,
lembro-me que, durante o Governo de coligação,…