11 DE MAIO DE 2019
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A Sr.ª AnaMesquita (PCP): — Viabilizar isto, Sr.as e Srs. Deputados, seria passar um cheque em branco
para a destruição de carreiras conquistadas pela determinação e força da luta dos trabalhadores. O PCP não
passará esse cheque.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª AnaMesquita (PCP): — PSD e CDS têm ainda uma oportunidade para demonstrar que o PS não os
enfiou no bolso e que deles fez a muleta de que precisava.
VozesdoPSDedoCDS-PP: — Quatro Orçamentos! Quatro!
A Sr.ª AnaMesquita (PCP): — Não se exaltem, Sr.as e Srs. Deputados!
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª AnaMesquita (PCP): — Concluo, Sr. Presidente.
Sr.as e Srs. Deputados, basta que, independentemente do resultado da votação das avocações, PSD e CDS-
PP votem favoravelmente o texto que aprovaram e também defenderam até ao passado fim de semana!
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra, pelo Grupo Parlamentar Os Verdes, a Sr.ª
Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª HeloísaApolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Talvez convenha lembrar o
que estivemos a fazer na Comissão de Educação, quando aprovámos um texto que determinava a contagem
de todo o tempo de serviço para efeitos de progressão da carreira dos professores, sem impacto adicional no
Orçamento do Estado para 2019 — é importante que isso também fique explícito — e com um processo de
negociação posterior previsto, designadamente entre o Governo e os sindicatos. Foi isso, fundamentalmente,
que ficou aprovado na Comissão.
O PSD e o CDS votaram a favor desse texto na Comissão e, Sr.ª Deputada Margarida Mano, vai desculpar-
me, mas as suas declarações, no final da reunião, também fizeram a mesma leitura daquela que foi a postura
do PSD. A Sr.ª Deputada não pode, pura e simplesmente, fazer um apagão sobre as suas declarações, como o
Governo pretende fazer um apagão sobre o tempo de serviço dos professores.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª HeloísaApolónia (Os Verdes): — Aquilo que a Sr.ª Deputada disse, para além de outras coisas que
já aqui foram relembradas, foi o seguinte: «A nossa votação permitirá que o Governo vá para a negociação com
todos os graus de liberdade para decidir».
Portanto, o processo estava determinado e, inclusivamente, a Sr.ª Deputada determinou o que é que o
Governo deveria fazer posteriormente àquilo que a senhora tinha votado na Comissão.
Estava, portanto, tudo assente. O que é que aconteceu? Todos nós conhecemos e tudo é perfeitamente
conhecido do público: o Sr. Primeiro-Ministro faz uma ameaça, uma chantagem e determina que se demitirá,
caso aquele texto seja aprovado. Todos nós reconhecemos que o fez por estratégia eleitoral, e isso não é leal,
não é correto.
Mas qual foi a resposta do PSD e do CDS? Foi «virar o bico ao prego» e dizer: «Então, está bem! Se assim
é, nós pura e simplesmente alteramos a nossa posição e isso não acontecerá.» E fizeram-no, de resto, de uma
forma absolutamente atabalhoada. Arranjaram um pretexto para inviabilizar o texto que tinham acordado e
votado na Comissão. Isso não é correto! Isso não é leal!