15 DE MAIO DE 2019
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O quadro legislativo de regulação e supervisão bancária, totalmente permissivo, foi elaborado por quem?!
Por Deputados adultos, maduros, responsáveis e conscientes?!
É a isto que temos de responder, Sr.as e Srs. Deputados, neste debate: se devemos ou não devemos alargar
este direito aos jovens de 16 anos, que são os novos 18 anos, que estão informados e que têm capacidade de
decisão.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Passamos à intervenção seguinte, do Bloco de Esquerda, que
vai ser proferida pelo Sr. Deputado José Manuel Pureza.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O pior que podemos fazer,
segundo creio, é desvalorizar este debate como se ele tratasse de excentricidades. Não é assim. Este debate
trata de um desafio muito importante para as democracias como a nossa, e é assim, do meu ponto de vista, que
o devemos encarar.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Muito bem!
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Quando Greta Thunberg lidera um grande movimento mundial contra as
alterações climáticas, tendo ela 16 anos, os jovens e os adultos de todo o mundo veem nela aquilo que uma
cidadã exigente em democracia deve ser. Quando Greta Thunberg, que tem 16 anos, fala com a autoridade de
quem representa uma geração inteira que é sujeito da urgência ambiental, todas as gerações, estou certo,
mesmo aqueles que fazem agora algumas observações críticas, veem nela aquilo que a grande maioria dos
adultos, que olha apenas para as suas vantagens pessoais, não tem: grandeza, sentido do bem comum,
desassombro, ousadia, entrega!
Aplausos do BE.
Em Portugal, podem os jovens, a partir dos 16 anos, trabalhar, podem pagar impostos, podem ser detidos,
podem até ser mobilizados para o serviço militar.
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Com 16 anos?!
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Quem pode assumir todas estas responsabilidades tem de poder
escolher e tem de poder votar. Se a lei permite que um jovem de 16 anos possa ter todas estas
responsabilidades, é porque reconhece, e bem, que esses jovens têm maturidade para tal.
O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Pois! Para tal!
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Não vale reconhecer maturidade para os deveres e não reconhecer
maturidade para os direitos.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Exatamente!
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — É a maturidade de Greta Thunberg e dos milhões de jovens que estão
a vir para as ruas gritar contra a irresponsabilidade infantil de quem foge em frente, no business as usual, que
exige que tenhamos aqui a lucidez de engrandecer a democracia, reconhecendo o direito a votar a partir dos 16
anos.
O Bloco de Esquerda, Sr.as e Srs. Deputados, defende este direito há muito tempo, é bem sabido. Sempre o
defendemos mediante a abertura de processos de revisão constitucional e, em 2004, o Bloco de Esquerda
chegou mesmo a defender o voto facultativo a partir dos 16 anos, mantendo-se o recenseamento obrigatório a
partir dos 18 anos.