30 DE MAIO DE 2019
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O Sr. Duarte Marques (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Governo teve oportunidade de participar
neste debate e, tal como ontem, não respondeu a nenhuma das preocupações quer do Bloco de Esquerda, quer
do PCP, quer do CDS, quer do PSD.
O Governo volta a não explicar o que aconteceu na negociação, o Governo volta a não explicar como vai
funcionar o SIRESP e de que forma vai ser pago o que o Tribunal de Contas negou que fosse pago pelo Governo.
O Sr. Secretário de Estado apresenta-se aqui como o grande defensor do SIRESP, dizendo que funciona
lindamente, o que é uma imagem muito diferente da que os portugueses e os operacionais têm.
Portanto, deixo aqui novamente uma pergunta, para que o Governo tenha oportunidade de explicar aos
portugueses: afinal, em que ponto está a negociação do SIRESP, como vai funcionar este ano e, também, a
verdade acerca do funcionamento da geolocalização ou georreferenciação. O sistema sempre teve essa
possibilidade, mas tal não quer dizer que estivesse a funcionar no terreno.
Na verdade, Sr. Secretário de Estado, apesar de toda a propaganda do Governo nesta matéria, o que é facto
é que, por mais agências que se criem, os bombeiros no terreno continuam a combater o fogo da mesma forma,
sem apoio técnico à decisão operacional, sem meios mais renovados, mais qualificados. O Governo não investiu
nos bombeiros, só investiu na propaganda, na conversa e na criação de uma realidade que não corresponde à
que conhecemos no terreno.
Há mais zonas limpas, há mais empenhamento do Governo, é verdade, mas tal não se traduz na realidade
do combate direto aos fogos em Portugal.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem de novo a palavra o Sr. Secretário de Estado da Proteção Civil, José Artur Neves.
O Sr. Secretário de Estado da Proteção Civil: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Duarte Marques, o
funcionamento da rede está assegurado tal qual como o descrevi. Aliás, um dos acionistas de referência da
empresa SIRESP, SA já afirmou publicamente que as soluções de redundância instaladas vão continuar a
funcionar e o Sr. Ministro das Finanças — tal como, ontem, o Sr. Ministro da Administração Interna — informou
que está a desenvolver as negociações para o Estado assumir uma posição de controlo da empresa.
Mas o mais importante neste processo tem a ver com a redundância, com o funcionamento da rede e essa
garantimo-la, tal como no ano passado, em dois grandes eventos, garantimos a segurança dos portugueses,
quando mais nenhuma rede móvel esteve a funcionar. O Sr. Ministro das Finanças já disse que não será na
praça pública que vai discutir estas matérias e a seu tempo transmitirá o resultado dessas negociações.
Importa dizer também que o SIRESP-GL foi incrementado no ano passado em todos os corpos de bombeiros,
com a colaboração da Liga dos Bombeiros Portugueses, de todas as federações de todos os distritos, de modo
a que, através deste sistema e com um pequeníssimo investimento que fez toda a diferença, hoje, pudéssemos
ter todo o controlo dos operacionais no terreno.
Portanto, gostaria de dizer que foi aqui introduzido conhecimento, com células de apoio às decisões, com a
colaboração da AGIF (Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais), de laboratórios colaborativos do ICNF
(Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) e da GNR em particular mas de todos os agentes da
Proteção Civil, numa cooperação estreita cujos resultados são os que conhecemos: menos 68% de área ardida
relativamente à média dos últimos 10 anos e menos 44% de ignições comparando com a média dos últimos 10
anos.
Sr. Deputado, creio, por isso, que estão mais do que asseguradas as condições para todos os agentes da
Proteção Civil continuarem a trabalhar e continuarem a assegurar a segurança dos portugueses.
Aplausos do PSD.
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Já pagaram aos bombeiros ou não?
O Sr. Presidente: — Para terminar o debate, tem a palavra a Sr.ª Deputada Sandra Cunha, do Grupo
Parlamentar do Bloco de Esquerda.