30 DE MAIO DE 2019
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dificuldade, até pessoal, em que também olhei para o copo meio cheio. Já fui sujeita a testes nessa matéria, e,
portanto, tenho a certeza de que não vou para uma situação de conforto quando vou para o Parlamento Europeu.
Ficaria mais confortável cá do que indo para lá, olhando para as dificuldades que a União Europeia, esse projeto
no qual acredito desde sempre, vai enfrentar nos próximos cinco anos e que, provavelmente, não vão ser
resolvidas durante esse tempo.
Mas eu olho sempre com algum otimismo ou, por outra, com algum empenho, com algum esforço, com
alguma energia para as coisas difíceis. Foi sempre assim em tudo o que fiz, desde a minha vida profissional
como investigadora até à minha vida como governante, quando exerci essas funções por duas vezes: olhar para
as coisas difíceis com mais atenção, sabendo que elas vão exigir mais esforço, que vão exigir mais negociação,
que vão exigir mais criatividade.
Provavelmente não são cinco anos de alterações institucionais de que talvez precisássemos, é difícil pensar
nelas. Portanto, teremos de viver com criatividade no quadro institucional que temos e procurar as parcerias, as
pontes, os consensos necessários para garantir valores essenciais. Só nesse sentido as minhas palavras podem
ser lidas, nunca ignorando as muitas dificuldades que, com certeza, estaríamos aqui hoje, amanhã, depois e na
próxima semana a discutir e a enumerar.
Mas a minha atitude é esta e, provavelmente, expressou-se nas minhas palavras. Eu não desisto perante as
dificuldades. Sempre que me diziam, a propósito de uma medida do Simplex, «Sr.ª Ministra, isso é muito difícil»,
eu respondia «no fim, vamos ver se é impossível, para já vamos tentar concretizá-la».
Há pouco, disse da tribuna que há muito mais praias com bandeira azul. Provavelmente, isso teve efeito
perverso na abstenção, mas se tivessem olhado para a bandeira azul deveriam ter pensado que também lá está
um bocadinho da União Europeia. Como disse já, creio que essa é uma luta de todo este Parlamento, de fora
do Parlamento, das nossas escolas, sobretudo das nossas universidades, porque aí temos votantes — as
pessoas entram já com 18 anos —, e, com certeza, também de todos os partidos democratas que aqui estão
representados.
Portanto, Sr.ª Deputada, as dificuldades são aquilo que vamos ter de saber resolver, vamos ter de gerir
muitas transições justas a nível europeu, não apenas a transição ambiental — muda tudo, muda o clima, mudam
os comportamentos, muda a regulação — mas também a transição tecnológica, que é muito desafiante. Talvez
tenha sido menos discutida nestas eleições do que a transição ambiental mas é muito desafiante porque também
vai mudar o paradigma da economia, o próprio paradigma da Administração Pública e da decisão pública, que
vai substituir e criar novos empregos e é preciso que seja feita com preocupação nos seus impactos sociais.
O Sr. Presidente: — queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Maria Manuel Leitão Marques (PS): — Este é o desafio e espero que sobre ele possamos sempre
trocar muitas opiniões, entre o Parlamento Europeu e o Parlamento nacional.
Muito obrigada e desculpe, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, em nome de uma amizade que já tem muitos anos, desde as primeiras
eleições legislativas e para a Assembleia Constituinte, quero dizer-lhe que, certamente, todos lhe desejamos
um excelente trabalho, como aquele que tem feito aqui, ao longo de muitos anos, ao serviço do nosso País e da
democracia. Obrigado.
Aplausos do PS.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Wanda Guimarães, nos termos do n.º 2 do artigo 76.º do Regimento da
Assembleia da República.
A Sr.ª Wanda Guimarães (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados. Esta é a única forma expedita de
me dirigir a todos, não que tenha a pretensão de ensinar alguma coisa a alguém, pois isso é quando se é muito
novo; quando se tem a minha idade percebe-se, pelo contrário, que ainda temos muito que aprender.
Esta foi a primeira lição da minha novíssima experiência parlamentar, e é sobre essa experiência que vos
quero falar.