I SÉRIE — NÚMERO 89
56
com este propósito, Os Verdes acompanham as iniciativas legislativas que também estão, hoje, em discussão
e registam, com agrado, o facto de o PAN ter tido, desta vez, o cuidado e o bom senso de não misturar «alhos
com bugalhos», como sucedeu na última discussão sobre a matéria, onde a mistura da utilização de matilhas
como meio de caça com a caça à paulada acabou por permitir que a discussão fosse completamente desvirtuada
e desviada do que era essencial, nesse debate.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão) — Para intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Serra, do PSD.
O Sr. Nuno Serra (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Mais uma vez, a este Parlamento, o PAN e o
Bloco de Esquerda trazem um conjunto de argumentos deturpados e hoje — pasme-se! — até se falou do
encerramento dos CTT e dos serviços públicos para justificar a proposta de acabar com as matilhas de caça. É
impressionante! Desta forma, vêm estes partidos tentar convencer os portugueses que a atividade cinegética e
os 250 000 caçadores é que são o problema do equilíbrio ambiental ou do ecossistema.
Srs. Deputados do PAN e do Bloco de Esquerda, esta obsessão ideológica, populista, que unicamente pensa
nos votos e que quer, efetivamente, acabar com a caça condiciona-vos a visão que vos permitiria ver as mais-
valias da atividade cinegética no nosso território, seja económica, social ou, mesmo, ambientalmente.
Os 250 000 caçadores que existem em Portugal são os verdadeiros curadores do meio ambiente; são eles
que detetam as pragas e as doenças animais, que detetam, muitas vezes, os incêndios, que equilibram o
ecossistema, que controlam os predadores e fazem-no, Srs. Deputados, sem cobrar um tostão ao Estado, sem
pedir um voto, como os senhores fazem, e sem qualquer imposição ideológica. Estes homens e mulheres caçam
porque são livres, porque têm a liberdade de o fazer, porque gostam da natureza e do seu território.
Srs. Deputados, condicionar a caça é condicionar o meio ambiente, o equilíbrio das espécies, o ecossistema,
é atacar o meio rural e a atividade cinegética por um mero preconceito ecológico, é querer deixar grande parte
do nosso território ao abandono.
Srs. Deputados do PAN e do Bloco de Esquerda, peço-vos que façam uma profunda reflexão na vossa forma
de pensar, que coloquem de parte todo esse populismo e essa faceta eleitoralista.
O que hoje esperava dos Srs. Deputados não era que viessem aqui para pedir que acabassem com as
matilhas de caça, essenciais neste equilíbrio ambiental e nessa regulação dos predadores. O que hoje esperava
que aqui viessem fazer era que estivessem do lado dos portugueses, desde as crianças aos mais idosos, que
viessem proteger os animais domésticos e os animais de pecuária, que viessem promover o bem-estar das
populações e dos seus pertences, trazendo aqui propostas para erradicar as matilhas selvagens que proliferam
no nosso País, atacando tudo e todos. Srs. Deputados, essas matilhas, sim, são perigosas para as pessoas e
para os outros animais, essas matilhas desequilibram e afetam o meio ambiente, desregulando o ecossistema.
Srs. Deputados, sabem por que razão não o fazem? Porque fazê-lo seria pôr à frente o interesse das
pessoas, dos animais e do meio ambiente. Srs. Deputados, não o fazem porque os vossos interesses são vocês
mesmos e são os interesses populistas e demagógicos que têm nas vossas ideologias.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Patrícia
Fonseca, do CDS.
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Sr. Presidente, não vou repetir os argumentos, talvez com pena da
Sr.ª Deputada Maria Manuel Rola, mas percebo que o PAN não se preocupe com os estragos nas culturas
agrícolas, mesmo que isso signifique a perda de rendimento de milhares de agricultores e da sua forma de
subsistência, porque a agricultura é uma atividade que o Sr. Deputado não entende e da qual não gosta.
Percebo, também, que o PAN não se preocupe com a possibilidade de contaminação de milhares de porcos
de montanheira ou com outros tantos milhares de suínos das explorações pecuárias intensivas, porque quer
impor-nos uma ditadura veganista, portanto não tem qualquer tipo de problema com problemas sanitários que
possam daí advir.
Já não percebo, confesso, a falta de coerência do Bloco de Esquerda, que, ainda recentemente, apresentou
iniciativas para controlar a população de javalis e agora quer proibir as matilhas, que são a forma mais eficaz de