I SÉRIE — NÚMERO 92
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A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, agradeço ao Sr. Deputado e às Srs. Deputadas que
me colocaram questões e que também fizeram algumas considerações sobre a matéria que Os Verdes aqui
trazem.
Gostaria de começar por responder ao Sr. Deputado Luís Vilhena dizendo que, efetivamente, a política de
transporte ferroviário, digamos assim, foi completamente errada durante décadas e décadas e, hoje, estamos a
sofrer os efeitos dessas políticas.
O problema é que, Sr. Deputado, andamos a alertar para esta matéria há muitos anos e os sucessivos
Governo, incluindo os do PS, fizeram muitas asneiras relativamente a esta matéria. Se pensarmos que em
apenas três décadas foram encerrados cerca de 1300 km de vias ferroviárias, percebemos bem que impacto é
que isso tem a nível ambiental, a nível social e a nível económico. E, se virmos desenhado num mapa as linhas
ferroviárias que foram encerradas, percebemos muito bem porque é que o interior ficou mais interior. Porque,
de facto, o encerramento, a negação de serviços públicos fundamentais às populações, como é a mobilidade,
designadamente a ferroviária, afasta potencial de fixação das populações e afasta empresas.
Portanto, fez-se tudo ao contrário e, hoje, andam muitos que tiveram responsabilidade nessa matéria a chorar
lágrimas, não sei se de crocodilo, se não, mas, aparentemente, a chorar lágrimas a dizer que, afinal, isso foi
tudo um descalabro.
Oiçam-nos, Sr. Deputado, já dizíamos isso há muito tempo!
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Têm de pedir desculpas!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Também é penoso perceber como é que numa década a mobilidade
pendular que, no início dos anos 90, era feita, fundamentalmente, por transporte público, passou a ser
maioritariamente feita por transporte individual. Porquê? Porque os transportes públicos não davam resposta às
necessidades dos cidadãos. Tudo ao contrário!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — E mais caros!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — E muito mais caros, de facto! Tornaram-se muito mais caros para
as populações, ano após ano. Responsabilidade de quem? De Governos do PSD e do CDS e do PS. É preciso
assumir essa responsabilidade — mas não apenas ficar por aí — e inverter, de facto, as políticas para que os
resultados sejam outros.
O Sr. Deputado coloca a questão da mobilidade ativa ou da mobilidade suave em meios urbanos. Pois é uma
questão que Os Verdes estão fartos de levantar e de pedir que se fomente!
Sr. Deputado, sabe, foi há mais, muito mais de uma década, que Os Verdes apresentaram, pela primeira vez
na Assembleia da República, um projeto para se fazer um plano nacional das vias cicláveis para ligar,
inclusivamente, localidades. Sabe qual foi a posição de voto do PS? Votou contra, Sr. Deputado!
Não vale a pena ficarmos apenas pelos discursos! As propostas, as medidas concretas, são fundamentais
para fazer parte da vida das pessoas e dar resposta às necessidades das populações.
Sr.ª Deputada Patrícia Fonseca, considero a floresta um importante fator de retenção do carbono, nem
poderia deixar de ser de outra forma. Aquilo que lamento — na lógica, de resto, daquilo que eu estava a dizer—
, é que o CDS tenha sido um dos principais responsáveis pela lei da liberalização do eucalipto, fragilizando a
nossa floresta, fazendo com que ela ardesse mais rápida e facilmente, Sr.ª Deputada! Está a ver? Não bate a
bota com a perdigota!
Protestos do CDS-PP.
Nós, Os Verdes, temos trabalhado para o quê? Para tornar a floresta mais resistente, estancando as imensas
monoculturas de eucalipto e apostando na floresta autóctone.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!