6 DE JUNHO DE 2019
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Com os leilões, seja qual for a sua forma ou resultado, teremos sempre preços de produção inferiores aos
do mercado, com ganhos para todos os consumidores.
A tendência natural da economia, mesmo que não tivesse uma condução política segura, é já a da
descarbonização. Reduzimos em um quarto as emissões, desde 2005; só no ano passado, conseguimos uma
redução em 9% comparando com o ano anterior, valor que triplica a redução registada no conjunto da União
Europeia.
Na ausência do compromisso de neutralidade, o País reduziria em 60% as suas emissões até 2050. É uma
tendência assinalável, mas não chega. Para chegarmos à neutralidade, o País terá de investir mais 2,5 mil
milhões de euros em cada ano, investimento esse que se estima em 85% do setor privado.
Da parcela de investimento público, uma parte expressiva será no setor da mobilidade. Assim o estamos a
fazer, assim o estamos a programar.
A oferta atual de transportes de que melhor sei falar — nos metros de Lisboa e do Porto, na STCP (Sociedade
de Transportes Coletivos do Porto), e nos navios do Tejo — é mesmo melhor do que era há meses e bem melhor
do que era quando iniciámos funções.
Não sei dar melhor prova do que a Soflusa: no momento em que as greves foram suspensas, de imediato o
funcionamento regressou à normalidade, sinal de que os meios existentes são bastantes. De igual forma, os
horários para os quais foi previsto um ajuste a partir de 8 de junho foram imediatamente repostos.
Chegámos ao início do PART (Programa de Apoio à Redução do Tarifário dos Transportes Públicos) na AML
(Área Metropolitana de Lisboa) com um navio de folga na Soflusa e dois na Transtejo e transformámos as 30
unidades triplas que estavam paradas no Metro de Lisboa num valor residual, em bom rigor, zero.
A procura nos metros, na STCP, tem sido crescente, mas a resposta na oferta tem sido também a suficiente.
Em todo o território, onde a maior parte das empresas são privadas, os ajustes da oferta têm prosseguido,
com a certeza de que, com as novas concessões previstas para o início do próximo ano, a melhoria será ainda
mais evidente.
As nossas metas são muito claras: reduzir em 40% as emissões dos transportes até 2030, conseguindo que,
nesse ano, um terço da mobilidade terrestre de passageiros seja elétrica. Estes são os objetivos necessários
para conseguirmos a descarbonização completa do setor em 2050.
Cerca de 750 milhões de euros de investimento estão em curso e a previsão para o próximo ciclo de
investimento financiado por fundos comunitários cresce de forma expressiva, conforme consta do Plano
Nacional de Investimentos, em avaliação nesta Casa.
A democracia só tem virtudes. Cito livremente o Sr. Presidente da República que, em relação aos programas
dos partidos às últimas eleições europeias, referiu sentir um consenso generalizado sobre a necessidade de
combater as alterações climáticas. Será verdade, mas não me iludo com consensos.
Nunca um Governo foi tão longe como o nosso, na ação e no compromisso. Mesmo citando documentos do
Governo que não foram originalmente preparados pelo nosso Ministério, de que é exemplo o Plano Nacional de
Investimentos, é por demais claro que este é um compromisso coletivo dentro do Governo e não um esforço
isolado do Ministério do Ambiente.
Concluo: como dissemos, a próxima década é crucial. Se a democracia é fundamental na configuração de
programas diversos e de formas diferentes de lutar contra o aquecimento global, o maior flagelo da nossa
geração, será um erro crasso e indesculpável não reduzir em 50% as nossas emissões até 2030 e em 85% até
2050, confirmando Portugal como o país que, no mundo, lidera esta ambição. Se por vezes se ouvem vozes a
referir a ausência de um desígnio para Portugal, não tenho dúvidas em afirmar que a descarbonização deverá
ser o seu objetivo primacial.
Aplausos do PS.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente José Manuel Pureza.
O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, boa tarde.
Vamos passar à fase de debate.
Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos ao Partido Ecologista «Os Verdes», três Srs. Deputados.
Como pretende responder, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia?