I SÉRIE — NÚMERO 101
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Aliás, nunca as esconderam, nisso temos de ser sinceros, e porque é que política do PSD não é para o SNS
mas para os privados. Portanto, é mais para os privados que querem aproveitar-se do orçamento do Serviço
Nacional de Saúde do que propriamente para a construção de um Serviço Nacional de Saúde público e de
prestação pública.
A questão que se coloca é a seguinte: sabendo o PS disto, até verbalizando-o neste debate, então, porque
está agora a negociar com o PSD, em final de Legislatura, uma Lei de Bases da Saúde, sendo que a motivação
é, única e exclusivamente, para salvar as parecerias publico privadas…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — É bem verdade!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — … e para salvar o negócio dos privados que vivem à custa do orçamento do
Serviço Nacional de Saúde?
É que, muito sincera e muito honestamente, esta parte final da intervenção do Sr. Deputado António Sales
fez do PS assim um pouco a carochinha, que está à janela a perguntar «Quem quer casar com a carochinha?»
e lança, assim, o seu tapete ao PSD,…
Risos do PSD.
O Sr. António Sales (PS): — Não é só ao PSD!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — … perguntando diretamente se o PSD está disponível a casar com a
carochinha, que é o Partido Socialista.
Protestos do PS.
O PS já teve oportunidade de fazer uma lei de bases à esquerda, na verdade. Estávamos disponíveis para
o fazer, tínhamos feito um caminho, havia um acordo, depois deixou de haver acordo porque o PS não o quis
cumprir, mas, portanto, essa possibilidade existiu e foi concreta.
Neste momento, o Partido Socialista, por causa de uma questão que tem que ver com as parcerias público-
privadas, com o Grupo Mello, com a Luz Saúde e quem está por detrás das parcerias público-privadas, decidiu
voltar à sua janela e fazer-se novamente carochinha, lançando agora a cantiga apenas ao PSD.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Nós não somos o João Ratão!
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Portanto, o que queremos saber é o porquê desta alteração de postura do
Partido Socialista, o porquê de agora tentar lançar um namoro ao PSD para salvar parcerias público-privadas,
o porquê de, em final de Legislatura, escolher, ou tentar escolher, o Partido Social Democrata, sabendo, como
o Sr. Deputado disse e toda a gente sabe, como o PSD deixou o Serviço Nacional de Saúde. Ora, sabendo que
não é recomendável que se volte a esses tempos, mesmo assim, o Partido Socialista, neste momento, parece
estar disposto a avançar nesse namoro com o Partido Social Democrata. A questão é porquê e o que estão,
neste momento, a negociar com o Partido Social Democrata.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Ângela Guerra, do PSD.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado António Sales, falou
de instantâneos. Pois eu vou dar-lhe alguns instantâneos para lhe reavivar a memória.
Faltam 150 obstetras de Norte a Sul do País, as urgências em Santa Maria têm escalas incompletas em 17
dias do mês de agosto, e, ao que parece, amanhã vão reunir-se vários conselhos de administração hospitalar
porque parece que o caos está instalado em Lisboa.