I SÉRIE — NÚMERO 103
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A marca principal da Legislatura foi, contudo, a dos resultados económicos e orçamentais.
O Sr. António Costa Silva (PSD): — Está uma coisa esperta, está!
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — A estratégia traçada no Programa do Governo era clara: eliminadas
as medidas que estrangulavam as famílias e a economia, seria possível passar do abrandamento económico a
um crescimento mais robusto. Uma das originalidades da Legislatura foi precisamente a de se cumprir esse
Programa do Governo e se aplicarem as medidas que nele constavam.
A aplicação dessas medidas teve o resultado previsto no Programa do Governo. Os défices orçamentais dos
últimos anos são os mais baixos da democracia e o atual excedente primário e o peso da dívida pública no PIB
(produto interno bruto) são aqueles que estavam previstos no Programa do Governo, apesar de dúvidas,
ceticismo e mesmos afirmações perentórias sobre impossibilidades aritméticas.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — A redução sustentada do peso da dívida pública no PIB é um dos
principais legados estruturais que este Governo, ou qualquer Governo, pode deixar para o futuro. O outro é a
sustentabilidade dessa grande dívida implícita do Estado que é a dívida face aos pensionistas, atuais e futuros.
É preciso que quem hoje trabalha tenha a segurança de que terá uma pensão amanhã. Aqui, além de se ter
passado de défices a excedentes na segurança social, a conjugação desses excedentes com a criação de novas
receitas permitiu prolongar em 19 anos o tempo em que o Fundo de Estabilização Financeira pode acorrer a
desequilíbrios do sistema.
Na base destes resultados está o facto de a economia ter respondido aos estímulos, criando emprego. Em
quatro anos, há mais 370 000 empregos em Portugal e a taxa de desemprego foi reduzida para quase metade,
a mais baixa em 17 anos.
Aplausos do PS.
Ao mesmo tempo, em todos os anos desta Legislatura, aumentou o salário mínimo, com um aumento
acumulado de quase 20%, aumentou igualmente o salário médio e aumentou a despesa social, que é a rede de
segurança dos portugueses em situação mais frágil, tudo contribuindo para uma redução sem precedentes da
taxa de risco de pobreza, a um ritmo que foi o maior entre os países da zona euro.
Acrescento que esta maioria parlamentar cumpriu os compromissos constantes do Programa do Governo
em termos de redução de impostos. O PS provou, assim, que é possível compatibilizar estes resultados
económicos e sociais com finanças públicas sustentáveis. Os resultados orçamentais obtidos permitem que a
campanha eleitoral que se avizinha não seja dominada por emergência orçamental, procedimentos por défices
excessivos ou ameaças de sanções, como vinha ininterruptamente acontecendo há mais de década e meia.
Para o PS, ter finanças públicas sólidas não é principalmente uma questão de cumprimento de regras
europeias, é antes uma questão de sustentabilidade do Estado social.
Aplausos do PS.
A redução do peso da dívida pública vai libertando recursos que podem progressivamente ser aplicados no
financiamento dos serviços públicos e, no longo prazo, o País só pode ter aqueles serviços públicos que esteja
disponível para financiar com impostos, não com endividamento.
Aqueles partidos que, como o PS, defendem um Estado social forte, aqueles partidos que, como o PS, não
colocam a hipótese…
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Já vou terminar, Sr. Presidente.