11 DE JULHO DE 2019
25
E esses 2000 milhões de euros, por exemplo, permitem, sem aumentar o défice, cobrir os 1000 milhões de euros
que os portugueses poupam em IRS e financiar os mais de 1600 milhões de euros que, este ano, vamos investir
no Serviço Nacional de Saúde, comparando com o ano de 2015.
É por isso que temos de prosseguir esta trajetória saudável de consolidação das finanças públicas, ao mesmo
tempo que fazemos o que é necessário para melhorar a qualidade dos serviços públicos, o rendimento dos
portugueses, as condições para termos mais e melhor emprego, melhor escola pública, melhor SNS. É isso que
temos de continuar a fazer de uma forma harmoniosa.
As opções não são dilemáticas. Não temos de ter um défice descontrolado para poder fazer o que está certo
e demonstrámo-lo. Aumentámos em 45% o investimento público financiado pelo Orçamento do Estado apesar
de estarmos a reduzir o nosso défice; aumentámos quatro vezes o investimento em transportes públicos apesar
de estarmos a reduzir o défice; repusemos os salários, as pensões, criámos novas prestações sociais, como a
prestação social para a inclusão, apesar de estarmos a reduzir o défice.
Portanto, não foi a redução do défice que travou o que era necessário fazer, pois fizemos o que era
necessário fazer. Quando olhamos para os transportes públicos, veja o seguinte: não foi por causa do défice
que não abrimos o concurso para adquirir 10 novos navios para a Soflusa.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É preciso pessoal! Aquilo sozinho não anda!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não é por causa do défice que os navios ainda não chegaram, é porque o
concurso leva o seu tempo e os navios levam tempo a chegar. Não é por causa do défice que não abrimos o
concurso para as 22 novas composições da CP; abrimos o concurso mas o ele leva tempo e as composições
levarão tempo a chegar. Não é por causa do défice que não abrimos concursos para a extensão da rede de
metropolitano de Lisboa ou do Porto, ou seja, fizemos tudo o que tínhamos a fazer e, não obstante, conseguimos
reduzir o défice.
É com isso que gostaria que o Partido Ecologista «Os Verdes» também se regozijasse, pois provou,
conjuntamente com todos nós, que a boa governação financeira não é um monopólio da direita e que, pelo
contrário, com boas políticas ao serviço das pessoas e ao serviço do desenvolvimento é possível ter uma boa
gestão das contas públicas. É isso que nos permite ter mais crescimento, melhor emprego e maior igualdade
com contas certas, o que é um bem inestimável e é um bem que também está creditado em benefício da Sr.ª
Deputada.
Aplausos do PS.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente José de Matos Correia.
O Sr. Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, cumprimento V. Ex.ª.
Passamos, então, agora aos restantes 11 pedidos de esclarecimento que o Sr. Primeiro-Ministro tem e a que
responderá em conjunto, no final.
O primeiro pedido de esclarecimento é do Sr. Deputado António Costa Silva, do PSD.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. António Costa Silva (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs. Deputados, o Sr. Primeiro-Ministro demonstrou aqui, na primeira ronda, que o «governo syriza» à
portuguesa continua, de facto, em negação, um Governo que, efetivamente, ao nível da execução dos fundos
comunitários está perante uma situação desastrosa, uma taxa de execução, passados cinco anos e meio, de
35%.
Os principais fundos e programas diretamente relacionados com o investimento público têm uma taxa de
execução desastrosa: no Fundo de Coesão é de 21% e nos fundos regionais está entre os 19% e os 23%.
Encontramo-nos na reta final do Portugal 2020 e a taxa dos fundos para os equipamentos sociais é zero, Sr.
Primeiro-Ministro. A taxa de execução nos equipamentos de saúde é praticamente zero, nos equipamentos
escolares é pouco acima de zero e nas infraestruturas científicas, tecnológicas e empresariais é zero.