I SÉRIE — NÚMERO 108
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Reafirmamos: a uma Comissão de Inquérito cabe apurar factos e as responsabilidades políticas. As
responsabilidades criminais devem ser apuradas pelos tribunais e, por isso, votámos favoravelmente a proposta
do Relator, para que o Relatório e o acervo da Comissão sejam enviados ao Ministério Público.
O Sr. António Filipe (PCP): — Muito bem!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — O PCP teve, nesta Comissão, uma postura de seriedade e empenhou-se no
apuramento de factos e das responsabilidades políticas. Esta Comissão de Inquérito reforça a nossa convicção
de que a solução é o controlo público sobre a banca, mas também reafirmamos: para um banco ser público, não
basta ser do Estado. É preciso que seja orientado de forma a servir o interesse público, o interesse do País.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado João Paulo Correia, do Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Partido Socialista foi um dos
partidos proponentes da II Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos
e à Gestão do Banco, procurando corresponder, dessa forma, ao interesse público, bem como à elevada
expectativa da opinião pública, na descoberta da verdade sobre a gestão passada do banco.
A participação dos Deputados do PS neste inquérito parlamentar focou-se no apuramento imparcial e
rigoroso dos factos, das responsabilidades e dos responsáveis pelos atos de gestão que geraram múltiplas e
avultadas perdas patrimoniais no balanço do banco desde o ano de 2000. Fizemo-lo sem procurar proteger
pessoas ou encobrir factos, mas também sem fazer ataques apenas justificados por mera conveniência
partidária.
Aplausos do PS.
Os portugueses têm o direito de conhecer a verdade sobre a gestão passada da Caixa, quais os casos que
geraram tamanhas perdas e quem, por ação, omissão ou negligência, participou direta ou indiretamente nas
decisões relacionadas com essas perdas.
Foram aprovadas 44 conclusões. O PS votou favoravelmente 93% das mesmas e oito das nove propostas
de conclusões que apresentámos foram aprovadas. Consideramos, assim, que a esmagadora maioria das
conclusões aprovadas refletem com rigor e imparcialidade os factos apurados no inquérito, tal como o trabalho,
que reputamos de sério, do Relator, o Deputado João Almeida.
A este respeito, quero deixar uma palavra justa e oportuna para o Deputado Luís Leite Ramos, Presidente
desta Comissão Parlamentar de Inquérito, pela postura elevada, empenhada e séria que adotou na condução
dos trabalhos.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Nas conclusões que votou e nas propostas que apresentou, o PS
identificou responsabilidades de anteriores governantes, administradores e supervisores, sem atender a quem
e à sua cor partidária. Ninguém pode, assim, duvidar do nosso comprometimento com a exposição da verdade.
Pelo contrário, as propostas apresentadas pelo PSD, o outro partido com responsabilidades governativas no
período em causa, procuraram apenas aligeirar as suas próprias responsabilidades e afirmar a tese, sem suporte
factual, de que só os Governos dos outros são responsáveis. O PSD não resistiu à «partidarite» e, através das
suas propostas de alteração, procurou subverter a linha séria e factual do Relatório, sugerindo conclusões não
sustentadas pelos factos apurados, sugerindo, com redações atabalhoadas, insinuações não substanciadas e
fazendo considerações genéricas, com o intuito de branquear alguns desses factos, tudo por mero calculismo
partidário.
O facto de o PSD ter visto rejeitada a maioria das suas propostas…
O Sr. Duarte Marques (PSD): — É mentira!