20 DE JULHO DE 2019
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O Relatório apresentado por João Almeida merece o nosso reconhecimento e obteve, por isso, o voto
unânime de todos. Se a versão inicialmente apresentada era de qualidade, com as alterações introduzidas, ficou
globalmente ainda melhor. A desorientação do Partido Socialista é tanta que nem se apercebeu de que dois
terços das propostas do PSD foram aprovadas ou integradas no compromisso do texto final do Relatório.
Aplausos do PSD.
Quer as audições realizadas quer os documentos a que tivemos acesso comprovaram que o PSD tinha razão
quando propôs a criação da I Comissão de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos,…
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Duarte Marques (PSD): — … Comissão essa que alguns conseguiram fechar antes de se obter toda
a informação relevante. Com isso, perderam-se quase dois anos, dois anos que, eventualmente, poderiam ter
permitido começar mais cedo a atuar na recuperação de créditos e a apurar responsabilidades.
As audições e o próprio Relatório comprovam o que esteve tantos anos escondido ou ocultado dos
portugueses: na Caixa, nem sempre houve uma gestão sã e prudente, especialmente entre 2005 e 2008, na
administração de Santos Ferreira e Armando Vara. Assim, foi possível «separar o trigo do joio» e demonstrar
que não foram todos iguais.
O Banco de Portugal foi demasiadas vezes negligente e, por vezes, até complacente, como no caso Berardo
e no famoso assalto ao BCP. A tutela política, nesse período, foi irresponsável, na medida em que vários
ministros, como Manuel Pinho ou Vieira da Silva, tiveram intervenção política em alguns negócios que se
revelaram ruinosos, com o responsável político das Finanças de então a vir a esta Comissão confessar que
falhou, mas dizendo que não está arrependido da escolha da administração mais ruinosa da Caixa Geral de
Depósitos.
Ficou também claro para os portugueses que, em determinados negócios ruinosos para o Estado, os
administradores da Caixa contrariaram pareceres do Risco, não cumpriram as condições exigidas e entregaram
a um conjunto privilegiado de empresários créditos de favor, sem garantias e sem qualquer controlo. Desta
forma, expuseram a Caixa Geral de Depósitos e os seus depositantes a riscos inaceitáveis, que obrigaram os
contribuintes a um esforço dramático ao longo dos últimos anos.
Para o PSD, e creio que para a generalidade dos portugueses, tal como revelado nesta Comissão, em
determinadas administrações, em particular entre 2005 e 2008, a gestão da Caixa foi, de facto, danosa. Essa
conclusão não ficou no Relatório final, facto que o PSD lamenta.
Houve gestão danosa, sim! Os portugueses sabem disso e concordam e, em 24 de janeiro, o Partido
Socialista também achava o mesmo, quando o Deputado João Paulo Correia disse, neste Plenário, e cito:
«Sobre esta matéria, a posição do Partido Socialista é clara e está bem vincada: que se apurem, o mais rápido
possível, as responsabilidades e os responsáveis pela má gestão e pela gestão danosa na Caixa Geral de
Depósitos.»
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Mas não se apuraram?! Não se apuraram?!
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Esta Comissão só confirmou isso mesmo, e que era ainda mais grave.
Depois disto, esperamos que, no sistema financeiro, em particular no banco público, nada disto volte a
acontecer.
Aplausos do PSD.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Ainda tinha tempo para falar do «triângulo nefasto de figuras do poder»!
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, em nome do Grupo Parlamentar, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Mariana Mortágua.