I SÉRIE — NÚMERO 4
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Desenvolvimento Económicos), para ver que todos eles recomendam a adoção de programas de estímulo
económico, usando como alavanca o investimento público.
O Sr. Presidente: — Sr. Ministro, peço-lhe o favor de concluir.
O Sr. Ministro do Planeamento: — Termino já, Sr. Presidente. Queria deixar uma última palavra relativamente a uma questão essencial que tem sido colocada por
diversos analistas, em diversas opiniões, mesmo dos partidos aqui representados nesta Assembleia, que tem
a ver com a necessidade de prestar uma atenção particular aos sistemas de gestão e controlo, de forma a
evitar situações quer de utilização fraudulenta, quer de desvio de utilização deste elevado montante de fundos.
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro do Planeamento: — Aquilo que queremos dizer é que estamos particularmente sensíveis para estudar novos e reforçados meios, inclusive até transformando e modificando a atual «caixa preta», que,
aos olhos dos utilizadores e da generalidade dos cidadãos, é o atual sistema de gestão e controlo dos fundos,
criando um sistema de «paredes de vidro» que, ao mesmo tempo que assegura o bom uso dos fundos,
promove a eficiência e a celeridade que todos desejamos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, concluímos, assim, o primeiro ponto da nossa ordem de trabalhos de hoje.
Passamos ao segundo ponto, que é o do debate preparatório do Conselho Europeu, ao abrigo da alínea a)
do n.º 1 do artigo 4.º da Lei de Acompanhamento, Apreciação e Pronúncia pela Assembleia da República no
âmbito do Processo de Construção da União Europeia.
Para abrir o debate, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Como é sabido, o Conselho Europeu foi, inopinadamente, adiado para o início de outubro e tem na agenda diversas matérias de relações externas,
a começar por uma informação e um debate a propósito da cimeira realizada entre a União Europeia e a
China, a discussão estratégica da relação da União com a Turquia, a avaliação da situação no Mediterrâneo
Oriental e, porventura, um ponto de situação sobre o Brexit.
Contudo, os pontos mais relevantes deste Conselho têm a ver com o debate em torno do fortalecimento do
mercado interno, do desenvolvimento da política industrial e do desenvolvimento da estratégia para a transição
digital.
Nesse sentido, creio que é importante sublinhar as propostas de conclusões apresentadas, tendo uma
afirmação muito clara da necessidade de reforçar o nosso mercado interno e, designadamente, de remover as
limitações ainda existentes, em especial no setor dos serviços.
Este é um tema particularmente importante para nós, visto que, no âmbito do programa de recuperação e
resiliência, temos de responder às recomendações específicas para Portugal, e uma das mais repetidas e,
mais uma vez, constante das recomendações de 2019 é a da necessidade de reformar a situação das
profissões reguladas, tema há muito adiado e bloqueado e que, agora, tem mesmo de ser desbloqueado.
Esta visão sobre o fortalecimento do mercado interno passa também por uma revisão da política de
concorrência, que deve ter em conta a necessidade de acelerar a inovação para a transição digital e climática
e ter em conta a envolvente global em que nos inserimos.
É importante, nesse sentido, que as conclusões sublinhem a importância do investimento em educação, na
formação profissional e na capacitação das qualificações, de forma a aumentar a nossa capacidade de
concorrência na economia global.
Nota importante: é uma rutura muito significativa com as visões liberais do passado o entendimento de que
a Europa tem mesmo de ter uma política industrial e que essa política industrial deve permitir e assentar no
reforço de um conjunto de alianças estratégicas, que são, aliás, bem identificadas, como as que permitem a