I SÉRIE — NÚMERO 6
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O Sr. Fernando Paulo Ferreira (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Pensei que estávamos aqui para discutir os problemas da central nuclear de Almaraz e não para fazer campanha eleitoral.
Devo afirmar que é conhecido o modelo energético que o Partido Socialista defende para o País e que
aprofunda cada vez que está no Governo. Queremos um modelo energético cada vez mais apoiado em energias
renováveis, por isso é que o aproveitamento dos recursos hídricos, do vento e do sol tem hoje cada vez mais
peso no conjunto do cabaz energético nacional. Esta é a política energética do Partido Socialista.
Sr. Deputado Telmo Correia, não sei se já reparou que tanto o CDS como o PSD fazem voz grossa
relativamente a estas matérias quando estão na oposição, mas, quando estão no Governo e é preciso defender
os interesses nacionais perante a Europa ou perante outros países, aí já não têm voz grossa e piam fininho.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Não é verdade!
O Sr. Fernando Paulo Ferreira (PS): — Nessa perspetiva, sabemos bem qual foi o Governo que conseguiu assinar um protocolo bilateral com Espanha para atuação e aplicação de avaliações ambientais e projetos com
efeitos transfronteiriços — foi um Governo do Partido Socialista.
Sabemos também que houve um Ministro do Ambiente que interveio para que qualquer decisão que Espanha
pudesse vir a tomar sobre a central nuclear de Almaraz tivesse de ser feita só depois de um estudo de impacte
ambiental transfronteiriço, a que Espanha nem sequer está obrigada — foi o Ministro Matos Fernandes, Ministro
de um Governo do Partido Socialista.
Sabemos ainda que houve um ministro português que fez intervir a União Europeia quando foi preciso, no
sentido de se suspenderem os trabalhos que estavam a ser feitos no aterro de resíduos nucleares em Almaraz.
Esse Ministro tem um nome, Matos Fernandes, e é um Ministro do Governo do Partido Socialista.
Portanto, estamos esclarecidos quanto à voz grossa relativamente a estas matérias.
Vamos agora, efetivamente, à voz mais doce dos promotores desta iniciativa. Sr.ª Deputada Bebiana Cunha,
sabe bem que esta vossa proposta de recomendação, à qual não nos oporemos, não introduz nenhuma
novidade relativamente à questão que está em causa.
Era importante, isso sim, que, como o Partido Socialista já disse, através do seu Grupo Parlamentar, aqui e
também na Europa, em termos de legislação europeia e internacional, houvesse condições não para diálogos
facultativos entre os países que têm problemas desta natureza, com impactos transfronteiriços, mas para que
essa legislação fosse obrigatória e impusesse a criação de comissões entre países, entre Governos, com
poderes reais, com poderes formais e com representantes dos diversos países, o que, no caso de Almaraz,
implicaria uma comissão com poderes efetivos, com representantes espanhóis e representantes portugueses.
Já o dissemos aqui, no Parlamento, em comissão, nas audições com o Ministro do Ambiente, e dissemo-lo
também na União Europeia.
Por isso, a questão que se coloca relativamente à vossa recomendação, Sr.ª Deputada Bebiana Cunha, é a
seguinte: neste particular da necessidade de criação de um instrumento legal e internacional que obrigue à
criação de comissões com representantes dos diversos países para tratar destas matérias com impacto
transfronteiriço, o PAN está ou não está com o Partido Socialista, está ou não está com a defesa do interesse
nacional?
Outra pergunta: se, por acaso, o PAN ainda tivesse um Deputado que o representasse no Parlamento
Europeu, esse Deputado estaria ou não estaria ao lado do Partido Socialista e do interesse nacional nesta
matéria?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cláudia André, do PSD, para uma intervenção.
A Sr.ª Cláudia André (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em 2010, quando estava previsto o encerramento de Almaraz, quem estava no Governo era o PS; em 2020, quando está previsto o encerramento
de Almaraz, quem está no Governo é o PS.