I SÉRIE — NÚMERO 6
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Sr. Presidente, Srs. Deputados, após as palavras do Deputado Nelson Peralta, fiquei surpreendido, porque
temos sempre, no Parlamento, esta superior moralidade de «esquerda caviar», que chega aqui e diz que os
outros são radioativos, que os outros são muito perigosos, que os outros são o pior que o sistema tem.
Só que o Bloco de Esquerda esqueceu-se de uma coisa: é que agora tem resposta, e tem resposta não daqui
a duas, três ou quatro horas, mas agora. Não aceito que um partido que diz que outro tem ligações perigosas
tenha um agente imobiliário dentro do partido a comprar casas à segurança social e a vendê-las por muitos
milhões. Não aceito que um partido que está sempre a apontar o dedo ao Chega dê moradas falsas de
Deputados para receber subsídios que são do Estado e que são dinheiro de todos nós. Vêm falar de crimes —
de crimes! —, quando tem um candidato preso por tráfico de droga, o que só poderia ser para rir num país
minimamente desenvolvido.
Protestos do BE.
Sr. Deputado Nelson Peralta…
Protestos do BE.
Sei que estão nervosos, mas têm de ouvir!
Sr. Deputado Nelson Peralta, registei a sua última frase: «O Chega é um partido radioativo.» Não tenha
dúvidas, Sr. Deputado! É tão radioativo, tão radioativo, que, um dia, há de acabar, em Portugal, com aqueles
que querem destruir a democracia. Diz que somos radioativos, no entanto, se olhar para as nossas listas, pode
ver muita coisa, mas nunca vai ver condenados por terrorismo e por assaltos à mão armada nas nossas listas
de Deputados. Isso nunca vai ver! Já no Bloco de Esquerda, estão a ver se enchem assim as listas todas do
País inteiro. Isso não aceitamos! E não aceitamos…
Protestos do BE.
Oiçam bem! Não aceitamos lições de moral de ninguém, muito menos do Bloco de Esquerda, que tem mais
telhados de vidro do que qualquer outro partido na democracia, em Portugal.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr. Deputado Nelson Peralta, tem a palavra para dar explicações.
O Sr. Nelson Peralta (BE): — Sr. Presidente, registo que o Sr. Deputado André Ventura decidiu repetir o que já disse. Está habituado, no congresso do partido, a levar sempre o mesmo à votação até ganhar — fê-lo
três vezes!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Mas aqui não é assim!
O Sr. Nelson Peralta (BE): — O partido radioativo! Não é assim em democracia. Mas reparo que o Sr. Deputado André Ventura defendeu a honra sem dizer nada sobre o seguinte: Salvador
Posser de Andrade, apoiante do Chega, administrador na ex-imobiliária do BES; Pedro Pessanha, homem forte
do Chega em Lisboa, foi diretor e assessor de negócios do BES Angola, hoje BES Económico; Francisco Sá
Nogueira, ex-vice-presidente da antiga holding do Grupo Espírito Santo; Francisco Cruz Martins, ligado aos
escândalos do Banif, de Vale do Lobo, dos Panama Papers e outros.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Radioativo!
O Sr. Nelson Peralta (BE): — Sobre isto, André Ventura não nos diz nada, porque considera que isto não é um ataque à honra do Chega. Mas isto é a essência do Chega! O Chega é isto, é o pior do sistema!
O Chega apresenta-se aqui com um discurso novo, a querer discutir que órgão vamos mutilar a esta ou
àquela pessoa, pela razão muito simples de o Sr. Deputado André Ventura vir do PSD e ter saudades do
Governo da austeridade de Passos Coelho.