26 DE SETEMBRO DE 2020
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combatem-se, também, com o exemplo que damos e chamando as pessoas e mostrando que um primeiro-
ministro vem a esta Casa, que está disponível para vir falar com as demais forças políticas, para ouvir quem
está nesta Assembleia.
Se queremos, de facto, dignificar o trabalho deste Parlamento, isso não se faz com um Governo de costas
voltada para a Assembleia da República.
Por isso, o PAN não acompanhou e não acompanhará essas alterações, porque, efetivamente, elas em nada
dignificam o trabalho deste Parlamento ou enriquecem a nossa democracia.
Aplausos do PAN.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): ⎯ Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Chega foi contra esta alteração e voltará a ser contra.
Tivemos, esta semana, o exemplo de um primeiro-ministro que aqui veio, ouviu perguntas de todos e não
ouviu perguntas de ninguém e, no fim, ele próprio se confundiu, ao achar que tinha de responder a perguntas
quando, afinal, já não tinha de o fazer.
Foi isto que conseguimos com as alterações no Parlamento: conseguimos pôr o primeiro-ministro
completamente confuso, sem saber se tinha que nos responder ou se não tinha, e um presidente da Assembleia
da República a ter de corrigi-lo e a dizer-lhe que nem sequer era para responder às nossas questões. Foi isto
que conseguiram em Portugal!
Mais do que isso, conseguiram reduzir os debates europeus a quatro meses da presidência portuguesa da
União Europeia. Que belo exemplo demos aos nossos parceiros europeus em matéria de debate e em matéria
de escrutínio.
Mas o nosso Presidente da República merece uma nota final. Como disse aqui o Sr. Deputado João Cotrim
de Figueiredo, o Presidente da República acordou finalmente, ao fim de alguns anos, para dizer que isto não
pode ser assim, que se exige transparência e que queria ver o Primeiro-Ministro mais tempo no Parlamento,
quando uns meses antes tinha dito que António Costa tem feito tudo o que pode para defender a democracia
em Portugal.
Parabéns, Sr. Presidente, porque conseguiu, a três meses das eleições, acordar para um País em que a
democracia é mais e mais asfixiada no Parlamento.
O Sr. Duarte Pacheco (PSD): — Oh!
O Sr. Presidente: — Tem de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. André Ventura (CH): ⎯ Vou terminar, Sr. Presidente. Se hoje esta norma for aprovada, Marcelo Rebelo de Sousa terá uma nova missão: vetá-la ou explicar aos
portugueses por que é que a deixou passar, agora, igualzinha ou praticamente igual ao que estava.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Constança Urbano de Sousa, do PS.
A Sr.ª Constança Urbano de Sousa (PS): ⎯ Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Gostaria de pedir aos Srs. Deputados que lessem com atenção o veto do Sr. Presidente da República. O veto do Sr. Presidente da
República diz ipsis verbis que, e sugere, que haja mais um debate por semestre.
Também pedia aos Srs. Deputados que lessem com muita atenção o artigo 15.º do Tratado da União
Europeia que prevê, precisamente, duas reuniões ordinárias do Conselho Europeu, por semestre.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): ⎯ Ordinárias! Ordinárias!