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I SÉRIE — NÚMERO 17

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Srs. Deputados, seja no baixo nível de investimento público, na continuação da drenagem de recursos

públicos para os grupos económicos, através de PPP, Novo Banco, benefícios fiscais, entre outros, seja na falta

de resposta aos problemas dos serviços públicos, no SNS e na escola pública, o que a execução orçamental de

2018 revela é que, para dar resposta aos problemas estruturais do País, é preciso, e hoje de forma ainda mais

evidente, romper com as imposições e constrangimentos de Bruxelas e assumir uma política alternativa de

desenvolvimento, soberania e progresso social.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal.

O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Este minuto liberal vai viajar no tempo. Eis-nos já quase em 2021 e aqui estamos nós a discutir a Conta Geral do Estado de 2018.

O Governo, esse, não viaja no tempo, está parado no tempo. Parado, surdo e mudo, certamente, no que toca

às recomendações do Tribunal de Contas. Das 57 recomendações que constam do parecer, 45 vêm de anos

anteriores, algumas de anos bem anteriores. Um eco do passado que o Governo teima em não ouvir, acolhendo

apenas 10 recomendações desses anos.

Depois dos atropelos à Lei de Enquadramento Orçamental durante anos, incluindo este em que estamos,

agora é a Conta Geral do Estado que não cumpre princípios orçamentais básicos nem as disposições legais

sobre execução orçamental.

O Tribunal de Contas diz que não há articulação nem coerência entre os vários documentos do processo

orçamental (o Programa de Estabilidade, as Grandes Opções do Plano, os relatórios do Orçamento e da Conta

Geral do Estado), nem nos objetivos, nem nas medidas, nem nos resultados.

Os procedimentos de consolidação continuam incompletos, continua a haver erros de contabilização nos

valores da receita e da despesa, devido às desatualizações dos classificadores, não há carteira de ativos do

Estado e não há inventariação dos imóveis do Estado. Tudo matérias suscitadas várias vezes, a que o Governo

«faz ouvidos de mercador» e que levam um cidadão comum a perguntar, e com razão, que fiabilidade têm as

contas públicas.

Pela falta de transparência, pela complexidade, pela insistência no erro, o voto da Iniciativa Liberal será,

obviamente, contra a Conta Geral do Estado de 2018.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, do PAN.

A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O primeiro grande tema que hoje não podemos deixar de trazer para esta discussão em torno da Conta Geral do

Estado de 2018, que não só tardou, como, como bem sabemos, contrariamente àquele que é o dito popular, de

que o que tarda não falha, e que tem, de facto, várias falhas apontadas, é o do financiamento à banca em

Portugal. E, neste aspeto, salientamos o parecer do Tribunal de Contas, que afirmou que, entre 2008 e 2018, a

banca recebeu, em apoios públicos, um total líquido de 18 mil e 292 milhões de euros, o que equivale,

precisamente, a 9% do PIB de 2018. Estes apoios públicos assumem a forma de aquisição de participações de

capital e de obrigações, de concessão de empréstimos e de prestação de garantias.

O que se verifica é que, governo após governo, orçamento após orçamento, não há dinheiro para o que

realmente interessa aos cidadãos, para valorizar, por exemplo, as carreiras, para a adaptação do território às

alterações climáticas, para a prevenção de incêndios, a saúde, o combate à pobreza e, por exemplo, à pobreza

energética, a habitação para todos e para todas, políticas para os jovens, em nome também do respeito pelos

limites do défice, mas, pelo contrário, há, de facto, dinheiro para bolsos sem fundo, para financiar a má gestão

da banca e para as borlas fiscais que persistem até hoje para as empresas poluidoras deste País.

O segundo grande tema que não queremos deixar de apontar relativamente à Conta Geral do Estado tem a

ver com a aplicação da própria Lei dos Compromissos, em pagamentos em atraso no setor da saúde.

A crise de saúde pública que foi causada pela COVID-19 veio expor o quão negativa é aquela legislação, a

qual, na opinião do PAN, criou diversos constrangimentos na Administração Pública, o que, numa área

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