27 DE NOVEMBRO DE 2020
33
homens e mulheres que fizeram, verdadeiramente, a luta contra a pandemia da COVID-19 em Portugal. O que
é que lhes damos? Uma mão cheia de nada e promessas vagas para o segundo semestre deste ano.
Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro: Este é o Orçamento não do dividir para reinar, mas do distribuir para se
sustentar. Desesperado e acantonado no voto do PAN, do Partido Comunista e de duas Deputadas não inscritas,
o Governo sabe que não tem caminho para continuar. E vai distribuir àqueles que sabe ou pensa que lhe serão
fiéis numa chamada às urnas, que, todos sabemos, ocorrerá em breve. Mas os portugueses não se deixarão
enganar e, quando tiverem de escolher um Governo, sabem bem quem foi responsável pelo desperdício, por
não lutar contra a corrupção, por não lutar contra o compadrio e por ter permitido que Portugal seja hoje,
novamente, um parente pobre da União Europeia.
Os portugueses não esquecerão aquilo que foi feito no último ano.
Não sou vidente, mas arrisco-me a dizer que este é o último Orçamento liderado por António Costa. E sei
também, está escrito nas estrelas, que muito em breve a direita voltará ao poder em Portugal — os Açores foram
apenas o primeiro passo — e conseguiremos, então, recuperar aquilo que já se perdeu e que há muito
deveríamos ter conseguido recuperar, que é a dignidade de um País que nunca teve outra estratégia senão
estar de mão estendida à Europa, sem ter nada de mais para oferecer. Agora, que o turismo se foi, que a
restauração cai, que os serviços acabam e que os eventos terminaram, fecha-se a porta, desliga-se a luz e diz-
se «a direita que venha salvar Portugal». Pois cá estamos, não faltaremos à chamada e estaremos prontos para
governar este País, finalmente, com dignidade.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, por Os Verdes, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Mariana Silva.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O debate e a votação do Orçamento do Estado para 2021 realiza-se numa altura difícil da vida do
País e dos portugueses.
Os desafios de hoje são extensos, mas são conhecidas as soluções para lhes dar resposta, que as opções
políticas de sucessivos Governos não permitiram que fossem concretizadas.
O desinvestimento a que PS, PSD e CDS condenaram o Serviço Nacional de Saúde durante anos fez com
que, chegados a uma situação inesperada, ficassem muito claras as dificuldades, as necessidades e mesmo a
sua degradação, o que releva ainda mais o esforço e a dedicação dos seus profissionais.
Foi por isso que o PEV se bateu e continuará a bater por mais investimento no SNS, mais profissionais, pelo
reforço dos cuidados de saúde primários, que precisam de retomar a normalidade, e pelo reforço das camas
nos cuidados intensivos, uma das propostas que o PEV conseguiu que fosse aprovada para este Orçamento.
O desemprego, a precariedade e a pobreza são realidades a que o PEV continua a dar atenção. Neste País,
a pobreza toca muitos dos que perderam o emprego, mas também muitos dos que trabalham, devido aos baixos
salários, e, mesmo assim, há forças políticas nesta Assembleia que são contra o aumento do salário mínimo
nacional. Uma situação que exige respostas e opções que não deixem ninguém para trás. E, por isso, Os Verdes
defenderam um caminho de apoio social direto e imediato para as pessoas e para que lhes seja possível fazer
face aos seus compromissos, por exemplo, para pagar as contas da água, da luz e do gás, que sobem ao ritmo
dos dias em que são obrigados a ficar em casa.
Aprender com os erros do passado é a premissa de um presente melhor. Hoje, impõe-se um Estado
interventivo e determinado nos investimentos necessários. Desde logo, que não coloque a cegueira do défice à
frente das respostas que são fundamentais para o desenvolvimento do País.
Esta crise obriga-nos a repensar as prioridades que têm norteado as nossas vidas, a forma como vivemos,
produzimos e consumimos e a forma como nos relacionamos com a natureza e os animais.
Somos convidados a reequacionar um modelo económico que assenta na exploração desenfreada dos
recursos naturais, que potencia elevados riscos para a saúde e que promove fortes impactes ambientais, para
além de aprofundar de forma dramática as desigualdades sociais.
Não pode valer tudo. Não podemos permitir que se esqueça a crise climática e as belas promessas que se
fizeram nos mais diversos espaços de discussão sobre a sustentabilidade.
Os Verdes assumiram como seu contributo para o Orçamento do Estado de 2021 a valorização e a
preservação do meio ambiente, com propostas concretas, que foram aprovadas.