I SÉRIE — NÚMERO 25
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Em terceiro lugar, este debate orçamental também serviu para mascarar a vergonhosa omissão deste
Parlamento ao não assinalar os 45 anos do 25 de Novembro que se cumpriram ontem. Não houve uma
cerimónia, uma evocação, um cartaz ou um e-mail que fosse. Nada! Zero!
O Parlamento português ignorou a data, mostrando não perceber o óbvio: sem o 25 de Novembro, o
significado do 25 de Abril que festejamos seria bem diferente. Só em Novembro se começou a cumprir Abril e é
fundamental que continuemos a celebrar essa data. E quanto maior for a resistência da esquerda a celebrar o
25 de Novembro, mais fica demonstrada a necessidade de o fazermos, para preservação da memória dessa
data para as novas gerações, porque povos sem memória estão condenados a repetir os mesmos erros.
Finalmente, este debate orçamental serviu também para deixar bem clara a importância de existir um partido
como a Iniciativa Liberal em Portugal e neste Parlamento, um partido que se assuma como liberal em toda a
linha, na sociedade, na política, nos costumes, na economia, que ponha sempre acima de quaisquer
considerações práticas, de quaisquer conveniências do momento, de quaisquer negociatas eleitorais ou
eleitoralistas os valores da liberdade, dos direitos humanos e da justiça.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Vou concluir, Sr. Presidente. Como dizia, ficou clara a importância de existir um partido como a Iniciativa Liberal, em Portugal e neste
Parlamento, um partido que não tenha medo de ser o primeiro a questionar as limitações às liberdades
individuais e a votar contra o estado de emergência; que não faça contas quando se trata de condenar tiranos
e tiranetes na China, na Bielorússia ou na Hungria; que não mude o seu sentido de voto de um dia para o outro
só porque uns trolls das redes sociais confundem irresponsabilidade com diversão.
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Portanto, quando, no final desta intervenção, volto à pergunta inicial — para que serve este pesadíssimo processo orçamental? —, a Iniciativa Liberal tem pelo menos uma
boa resposta: serve para nos motivar para continuarmos a lutar, incansavelmente, por um Portugal mais liberal.
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro e Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Este será, provavelmente, o último Orçamento socialista dos próximos anos. E será assim porque
todos já perceberam, a começar pelo próprio Governo, que este Orçamento não é para executar e, como não é
para executar, a fatura do Partido Comunista e do PAN pode ser dada sem qualquer rasura e com folha limpa,
porque todos sabemos que a execução se vai situar ainda mais abaixo do que nos últimos anos.
Este é também o momento em que percebemos que aqueles que, há uns meses, davam a mão ao Governo,
agora, vendo que o caminho e o comboio estão a descarrilar, vão-se embora e dizem «nunca tivemos nada a
ver com isto. Agora, preocupem-se e paguem outros a fatura».
Mas se este Orçamento ficar marcado por alguma coisa será por ter sido decidido, no dia em que milhares
de homens e mulheres da restauração, da hotelaria e do turismo gritavam às portas deste Parlamento, que não
lhes daríamos a isenção da TSU (taxa social única) nem baixaríamos o IVA da restauração. Foi isto que lhes
dissemos no dia em que lutavam lá fora, de mão bem esticada, dizendo: «Façam alguma coisa por nós!». É que
este Primeiro-Ministro, que há cinco anos lhes disse «ajudem-me a dar a Portugal a dignidade que merece»,
agora virou-lhes as costas, dizendo «paguem a fatura, porque eu tenho muito dinheiro para distribuir por quem
não quer fazer nada».
Este é também o Orçamento que, mais uma vez, deixará as forças de segurança aquém daquilo que
merecem. Milhares de homens e mulheres, que deveriam ser, em momento de crise, mais do que nunca
recompensados, viram agora que, mesmo nos piores momentos, nós também não estamos lá para eles.
O Orçamento que iria ser o da linha da frente, nas palavras do Sr. Ministro das Finanças, é o Orçamento que
virou costas a professores, a enfermeiros, a bombeiros, a profissionais de transportes, a esses milhares de