I SÉRIE — NÚMERO 27
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Quanto à questão do backstop, aquilo que garante é a capacidade de financiar fundos de resolução quando
estes não tiverem capacidade de assumir as suas obrigações. Entrará em vigor em 2022 e é uma das peças
fundamentais para a estabilização do sistema financeiro, da mesma forma que também é absolutamente
fundamental o mecanismo de garantia comum de depósitos para completar a união bancária. Trabalharemos
neste segundo dossier, mas é importante que esse primeiro tenha sido, desde já, encerrado.
Sobre a questão do Brexit, que está em discussão, há dois temas fundamentais que separam ainda a União
Europeia do Reino Unido: um tem a ver com as pescas, outro tem a ver com as condições de acesso ao mercado
interno.
De qualquer forma, relativamente aos cidadãos portugueses no Reino Unido, a situação está acautelada.
Neste momento, já há mais 300 000 cidadãos portugueses que estão registados, têm até junho do próximo ano
para o fazer e, aliás, o número de cidadãos britânicos registados em Portugal duplicou desde o início da situação
do Brexit.
Relativamente às duas questões colocadas pelos Srs. Deputados do PSD, percebo a preocupação de limpar
as Lajes das más memórias de cimeiras.
Aplausos do PS.
Acontece que as cimeiras, hoje em dia, são fixadas em determinados locais pelo Presidente do Conselho.
Aquilo que está acordado entre nós e o Presidente do Conselho é que a cimeira terá lugar em Bruxelas ou por
ocasião de uma cimeira da NATO ou aproveitando a deslocação do futuro Presidente americano à reunião do
G7, em Londres, no final de junho. De qualquer forma, ocorrerá durante o primeiro semestre do próximo ano.
Sr. Deputado, se for ver o conjunto das verbas do programa de estratégia e resiliência português, verá que
cerca de 50% das verbas são acessíveis às empresas.
Quanto ao Sr. Deputado Luís Leite Ramos, recomendo simplesmente que leia o que a União Europeia disse
esta semana: Portugal é o país mais próximo de atingir as metas climáticas de 2030.
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Com as medidas atuais, Portugal ultrapassará em 23% a meta de 2030. Reduzimos já as emissões em 40%.
Aplausos do PS.
Finalmente, sobre aquele que é o «elefante», que não está na ordem de trabalhos, mas que está, obviamente,
na Sala, que o Sr. Deputado Capoulas Santos começou por enunciar e que, depois, vários Srs. Deputados aqui
enunciaram: em primeiro lugar, o Conselho Europeu estabeleceu um acordo sobre o futuro Quadro Financeiro
Plurianual, sobre o Plano de Recuperação e Resiliência para os próximos anos no Conselho de julho. É um
acordo fechado, que não deve ser reaberto e que, desde logo, previa os mecanismos necessários para garantir
um Estado de direito eficaz no controlo da aplicação dos fundos comunitários.
A presidência alemã logrou um consenso realizado com o Parlamento Europeu que criou um mecanismo de
condicionalidade de acesso aos fundos. Esse é um acordo fechado e que não deve ser reaberto. Aceitar reabrir
qualquer acordo é abrir uma porta para o desconhecido, que não tencionamos abrir.
Nenhum país da União Europeia pode aceitar que qualquer outro país da União coloque o conjunto dos
outros países numa posição de chantagem. E, portanto, sempre que um país da União Europeia procurar colocar
os demais em situação de chantagem, só há uma resposta, que é perder a aposta e perder a chantagem.
Aplausos do PS.
Em segundo lugar, o acordo tem mesmo de ser obtido neste Conselho, cuja reunião pode não acabar no dia
11 e prolongar-se até ao dia 12 ou 13. Mas, tem de haver um acordo neste Conselho e tem de haver um acordo
neste Conselho por uma razão fundamental, é porque aquilo que está em causa não é só o Plano de
Recuperação e Resiliência, o que está em causa…