I SÉRIE — NÚMERO 27
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Portanto, para além de reiterar as posições que têm sido afirmadas ao nível do Conselho, que perspetivas é
que existem para que rapidamente, de forma eficaz e concreta, a União Europeia dê resposta na mobilização
de recursos que são tão urgentes e necessários para fazer face aos problemas e às situações que estão
colocadas em relação ao nosso País e a outros países e povos da Europa?
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, peço-lhe para concluir.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Termino, Sr. Presidente. Sobre o processo da saída do Reino Unido e ao ponto da situação atual, há uma abordagem que, não estando
na agenda, interessaria fazer relativamente às evoluções que possam surgir no que diz respeito a este processo,
até porque estamos a poucas semanas da Presidência portuguesa e dos impactos concretos, designadamente
nos nossos concidadãos que vivem no Reino Unido.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de Almeida, do CDS-PP.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr. Primeiro-Ministro: Gostaria de abordar três pontos relativamente a este Conselho e à intervenção do Sr. Primeiro-Ministro no início
deste debate, sendo que o primeiro tem a ver com o fundo de recuperação, com o orçamento da união e com a
questão do Estado de direito. Penso que é de toda a utilidade, desde logo para o Governo, que seja clarificado
o que está em causa, bem como a posição do Governo de Portugal.
Neste momento, sabendo-se da intenção da Hungria e da Polónia — embora na Polónia tenha havido um
desenvolvimento, entretanto —, como e quando é que podemos esperar que este processo se resolva? Isto
porque, como já foi dito por outras bancadas, a questão a que o Sr. Primeiro-Ministro chamou «bazuca»
financeira é essencial para sabermos quando é que se concretiza muita da resposta portuguesa, também ela
financiada com recursos europeus, à situação que vivemos.
Soubemos que ainda esta semana tivemos uma transferência do SURE (Support to mitigate Unemployment
Risks in an Emergency), mas essa transferência cobre essencialmente despesa que já está realizada. Portanto,
é fundamental saber quando e que instrumentos vamos ter para o futuro.
Depois, a questão da posição portuguesa relativa ao Estado de direito. Não fomos nós, não foi o Parlamento
português que gerou alguma confusão sobre isso. Terá sido o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia,
terá sido algum artigo de opinião publicado no Wall Street Journal, os esclarecimentos do Sr. Ministro dos
Negócios Estrangeiros no Público.
O importante é saber qual será a posição de Portugal, se for confrontado com duas opções: ou não haver
acordo ou haver um acordo que implique uma cedência à posição da Hungria e da Polónia. Se as duas opções
forem estas, qual é a posição de Portugal?
O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros (Augusto Santos Silva): — E qual é a sua?
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Segundo ponto: Brexit. No dia 1 de janeiro inicia-se a Presidência portuguesa e concretiza-se a saída do Reino Unido da União Europeia. A menos de um mês desta
concretização, as perguntas são óbvias: quais são as expectativas de ainda poder haver um acordo? Qual é a
solução para o caso de não haver acordo e, por exemplo, entrarem em vigor, a 1 de janeiro, os acordos
aduaneiros no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio)? Como é que as autoridades nacionais de
cada país estão preparadas para lidar com isso?
O terceiro ponto diz respeito à reforma do Tratado do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). Nesta
reforma, o MEE assume a responsabilidade de backstop do Fundo Único de Resolução (FUR). Ou seja, passa
a ser responsável por essa obrigação na resolução bancária.
Isso tem alguma consequência do ponto de vista das transferências para o Fundo de Resolução português
que, por sua vez, depois transfere para o Novo Banco ou não? Há alguma consequência desta reforma na
situação do Novo Banco ou não?