O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

5 DE DEZEMBRO DE 2020

65

Portugal muito se empenhou, enquanto Estado-Membro, e também enquanto exerceu a presidência do

Eurogrupo, para que esses resultados fossem alcançados, como peça essencial para complementar a união

económica e monetária e dar um passo concreto no aprofundamento da união bancária e no reforço da confiança

dos mercados no sistema financeiro europeu.

Aplausos do PS.

Em síntese, Sr.as e Srs. Deputados, estes são os temas que constam da agenda do próximo Conselho

Europeu e que aqui resumidamente enunciei, dando assim espaço para poder responder às questões que,

seguramente, não deixarão de colocar.

O Sr. Presidente: — Pelo Grupo Parlamentar do PS, tem a palavra o Sr. Deputado Capoulas Santos.

O Sr. Luís Capoulas Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O Conselho Europeu da próxima semana ocorre no culminar de um ano em que tiveram lugar

factos que ilustram bem o que a Europa tem de melhor e de pior.

Do lado negativo, destacaria o penoso processo negocial do Brexit e a sucessão de peripécias que têm

envolvido este divórcio litigioso e o significado político que tem o facto de, pela primeira vez desde a sua

fundação, a União Europeia assistir à saída de um dos seus membros, ainda por cima dos mais relevantes, pese

embora a atitude, desde sempre reservada, do Reino Unido face ao projeto europeu. Reserva que o processo

negocial de saída tem evidenciado ao ponto de, a escassos 27 dias da sua consumação, não sabermos se

iremos assistir a uma saída regulada ou a uma saída caótica. Menos positiva é também a reação inicial da

Comissão à pandemia, hesitante e descoordenada.

Mas o facto mais negativo de todos, e que marcará o ano 2020, é certamente a postura de dois Estados-

Membros da União, assumida no COREPER (Comité dos Representantes Permanentes) de 16 de novembro e

confirmada no dia seguinte no Conselho dos Assuntos Gerais, de veto à versão final, melhorada, negociada

pelo Parlamento Europeu, de que merece destaque o trabalho desenvolvido pelos Eurodeputados portugueses

Margarida Marques e José Manuel Fernandes, referente ao quadro financeiro plurianual e ao plano de

recuperação para responder às consequências da crise decorrentes da COVID-19.

Por outro lado, felizmente, 2020 será igualmente marcado por algum facto extraordinariamente positivo no

plano europeu, de que se destaca, para além da agradável surpresa da nova liderança da Comissão, o acordo

histórico de julho referente aos instrumentos financeiros referidos, não só pelos elevados montantes envolvidos,

mas, sobretudo, pela engenharia financeira encontrada e pelos princípios que lhe estão subjacentes que, na

prática, consagram o que era até então impensável, mesmo para os europeístas mais otimistas, a mutualização

da dívida, para cujo desfecho o Governo português deu um contributo relevante.

Vozes do PS: — Bem lembrado!

O Sr. Luís Capoulas Santos (PS): — Igualmente merecedoras de aplauso são as novas orientações políticas da Comissão, as quais encaixam bem nas prioridades da presidência portuguesa do Conselho do

próximo semestre; resiliência e resposta à crise, reforço do modelo social europeu, integração do Pacto

Ecológico em todas as políticas da União, reforço da soberania digital, afirmação da Europa no plano global com

especial enfoque para a relação UE/África, UE/Ásia, Índia e China e restabelecimento da relação transatlântica.

Ainda merecedores de registo positivo são os passos dados na direção certa para uma política europeia de

saúde, cujo aspeto mais imediato e visível é o plano europeu de vacinação, fiel aos princípios de equidade e

solidariedade que constituem o ADN (Ácido desoxirribonucleico) do projeto europeu que, no nosso caso,

enquanto portugueses, nos esforçámos por construir nos últimos 34 anos.

Da ordem de trabalhos conhecida do Conselho Europeu, e que o Sr. Primeiro-Ministro acabou de enunciar

ponto a ponto, não consta um tema que, certamente, nele, à sua margem, assumirá uma importância

incontornável. Trata-se da questão da ultrapassagem do veto húngaro e polaco ao quadro financeiro e ao plano

de recuperação, aliás, decisões já assumidas favoravelmente por estes mesmos Estados-Membros em julho

passado. Todos estamos conscientes do complexo processo de decisão nas instituições europeias e