I SÉRIE — NÚMERO 33
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caminho para reforçar o combate às desigualdades, se fizemos face à necessidade de dar resposta ao
investimento em material informático.
E a verdade é que basta olhar para os dois últimos Orçamentos do Estado para relembrar o seguinte: em
2020, aprovámos a proposta de revisão da portaria dos rácios; no ensino superior, atribuímos mais bolsas,
bolsas mais elevadas, propinas mais baixas; para 2021, aprovámos as propostas do PCP para reforço do
número de assistentes operacionais nas escolas e a atribuição de verba específica para a aquisição de material
didático para as escolas; ou ainda a distribuição de material de computadores, que iniciámos neste ano letivo.
Ora, basta isso para percebermos que este rumo é acertado, mas fundamentalmente o que nos diz é que
existe uma coerência efetiva entre aquela que é a nossa política orçamental e aquela que é a política educativa
seguida. Isso é visível no investimento em tutorias, no investimento no Programa Nacional de Promoção do
Sucesso Escolar, em manuais escolares gratuitos, em assistentes operacionais, em serviços de psicologia e
orientação. E é prova inequívoca do reforço numa aposta em que ninguém fica para trás.
Aplausos do PS.
No debate sobre o Orçamento do Estado, há cerca de um mês, o Partido Socialista referiu que tínhamos
atingido a percentagem mais baixa de sempre de abandono escolar, que, desde 2015, tínhamos reduzido a taxa
de insucesso escolar em cerca de 30% e que, desde 1996, não existiam tantos estudantes a entrar no ensino
superior.
Nenhum destes dados foi contestado. Que o PSD queira discutir o Ministro e não a educação é uma opção
sua, mas isso acrescenta muito pouco ao País.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Silva, do PEV.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Dois dias depois de terminado o 1.º período, concordamos com a pertinência deste debate de urgência, agendado pelo
PSD, para colocar questões que hoje preocupam a comunidade escolar, para fazer um primeiro balanço da ação
do Governo, mas também para perceber o que faria o PSD.
Ouvimos frequentemente que a escola é um lugar seguro, que poucos foram os casos de infeção e
transmissão nas escolas e que a comunidade escolar pode ficar descansada.
No entanto, os números de elementos da comunidade escolar infetados pelo vírus da COVID-19 são
contestados, sem que o Governo, que se diz da transição digital, dos congressos online, das possibilidades de
se povoar o interior porque o teletrabalho pode ser feito em todo o lado —menos, claro, nas localidades que não
têm hospital, escola, transporte público e que nem sequer têm internet —, aceite desenvolver uma plataforma
onde os agrupamentos ou a escolas coloquem semanalmente os números reais.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Era necessário voltar à escola de forma presencial, com toda a segurança,
com salas arejadas, com materiais higienizados frequentemente, com espaços preparados para que os alunos,
os atores principais da escola, possam conhecer, aprender, socializar e crescer de forma saudável, respeitando
as medidas de proteção que hoje são exigidas.
Porém, e apesar de o Sr. Ministro da Educação nos dizer que está tudo bem e que a escola é um espaço
seguro, não podemos ignorar que faltam professores e funcionários, que há turmas que ainda não tiveram aulas
em determinadas disciplinas, que continuam a existir salas sem aquecimento e sem a possibilidade de abrir
janelas para arejar.
Temos de dizer que a profissão de professor foi tão desvalorizada ao longo de décadas por PS, PSD e CDS
que hoje os professores preferem trabalhar noutras áreas, porque estão cansados de «andar com a casa às
costas», de serem precários durante 10 ou 15 anos, de não conseguirem horários completos e até de saírem
prejudicados nos descontos para a segurança social.
Cabe ao Ministério da Educação valorizar as carreiras, valorizar salários, dar condições de trabalho, não
sobrecarregar os professores com trabalho burocrático. Basta respeitar os professores.