23 DE DEZEMBRO DE 2020
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O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado André Ventura, do Chega.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Parece que o Partido Comunista e Os Verdes caíram de Marte e que nunca aprovaram orçamento nenhum deste Sr. Ministro que aqui está hoje sentado. Mas
aprovaram praticamente todos os Orçamentos que este Governo aqui trouxe! Agora, aparecem aqui a perguntar
onde é que estão os professores e onde é que estão as medidas, quando, na verdade, aprovaram todos os
Orçamentos que o Governo socialista aqui trouxe.
O que deviam perguntar ao Ministro da Educação é como é que falou em transição digital, tendo ainda ontem
anunciado mais 260 000 computadores. Onde é que estavam no início do ano letivo, altura em que prometeu
que os ia ter? Onde é que estava quando ontem saiu o relatório do Conselho Nacional de Educação a dizer que
Portugal tem professores envelhecidos e que essa é uma das profissões menos atrativas em Portugal, tendo o
mesmo Governo socialista dito, há cinco anos, que ia tornar a profissão de professor numa das mais atrativas?
Sr. Ministro, quero perguntar-lhe, por fim, como é que diz que há 46 surtos nas escolas, quando os sindicatos
falam em 1000 escolas com casos positivos de COVID e em centenas de surtos nas escolas.
Como é possível que os vossos parceiros sindicais digam que há centenas de casos de COVID, mais de
1000 escolas com casos positivos, e o Governo continue a fingir que essa realidade não existe?
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, já ultrapassou o seu tempo.
O Sr. André Ventura (CH): — Mas o que fica deste debate é um Partido Comunista sempre a dar a mão ao Partido Socialista e a chegar aqui ao Parlamento a perguntar onde é que estão os professores e onde é que
estão os seus amigos. Ao menos, quando chegar o próximo Orçamento, tomem decisões, não cheguem aqui a
perguntar onde é que estão, onde é que estão, onde é que estão.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cláudia André, do Grupo Parlamentar do PSD.
A Sr.ª Cláudia André (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro da Educação: Para já gostaria de esclarecer que o PCP, o Bloco de Esquerda e o PEV estão muito preocupados com os direitos dos
Srs. Professores, como nós, PSD, estamos. Acontece que as propostas que têm apresentado servem,
realmente, para se desculparem com a preocupação, mas uma coisa é certa: o PCP já viabilizou seis
Orçamentos deste Governo, pelo que são cúmplices de tudo o que o Governo tem feito aos Srs. Professores.
Centrando-nos naquilo que nos traz aqui hoje, contrariamente ao declarado por este Governo, os alunos
mais frágeis estão a ser deixados para trás. Aos que são de risco e que permanecem em casa não lhes é
garantido o acompanhamento da aulas; pode acontecer que, em algumas escolas, por acaso aconteça, mas o
facto é que o Ministério nunca fez nada para que os alunos de risco que têm de ficar em casa tenham aulas em
simultâneo com os seus colegas que estão na escola.
O mesmo acontece com os alunos em isolamento profilático: os que têm dinheiro e escolas com meios
técnicos têm aulas online, mas a larga maioria dos alunos não têm, têm o acompanhamento de um professor
que dispensa tempo do seu horário já sobrecarregado.
Por falta de professor, centenas de alunos permanecem o 1.º período sem aulas de Matemática, Português,
Informática ou Geografia. Qual é a resposta que o Ministério planeia para estes alunos? Incidem nas
aprendizagens das disciplinas que não tiveram? Têm professor que vá reforçar as aprendizagens que não
tiveram? Não sabemos, e não sabemos porque o Ministério é lento a responder a todos os problemas dos
alunos, tão lento a responder que os alunos mais frágeis ficam sem resposta. São estes os verdadeiros
prejudicados pelo facto de os computadores, prometidos em abril, não terem chegado; são estes os verdadeiros
afetados por as escolas não terem meios técnicos para lhes proporcionar aulas que possam ser interativas e
interessantes, assim, como atrativas; são estes que, por se baixar todas as fasquias só para que a estatística
seja de acordo, ficam sem o conhecimento que mais tarde os poderia ajudar no seu elevador social.
O PSD gosta que todos os alunos tenham a mesma oportunidade. Os alunos mais frágeis precisam de uma
escola que os fortaleça e que acredite nas suas potencialidades…