I SÉRIE — NÚMERO 33
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O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro, é pena que o mesmo país que agradece às escolas, aos professores, aos diretores, às famílias, não possa agradecer a V. Ex.ª o que
quer que seja, porque, na verdade, o Sr. Ministro tem mostrado não só, ao longo dos últimos meses, mas ao
longo do seu mandato, uma indigência que é inclassificável. O Sr. Ministro não respondeu a uma única pergunta!
Nem do Bloco, nem do PCP, nem do Partido Socialista, nem do PSD! O Sr. Ministro conseguiu falar durante 6
minutos e não dizer absolutamente nada, para além dos chavões habituais.
Sabe o que me faz lembrar, Sr. Ministro? Na minha meninice, havia uns vendedores de feira que vendiam
cobertores e tapetes e que estavam horas e horas a entreter a clientela sem dizerem absolutamente nada. Não
sei porquê, mas a imagem que me veio à cabeça foi exatamente essa! Acha que esse é o estatuto, o papel, a
função do Ministro que tem as funções de resolver os problemas da educação?!
O Sr. Ministro está a causar um dano inqualificável, inclassificável à educação neste País. O Sr. Ministro está
a transformar a escola pública não naquele que deveria ser um meio para combater as desigualdades, num
meio para ajudar quem menos tem, quem menos pode e mais precisa, mas para acentuar as clivagens.
O Sr. Ministro continua a «empurrar os problemas com a barriga», continua a «empurrar com a barriga» tudo
aquilo que é importante fazer para que o País possa recuperar do atraso que tem vindo a acumular e que é,
realmente, um atraso enorme.
O Sr. Ministro nem sequer respeito tem por quem está a intervir e pediu este debate de urgência.
Sr. Ministro, o País merece mais, as escolas merecem mais e o Parlamento merece mais.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, chegámos, assim, ao fim deste debate de urgência sobre educação, requerido pelo PSD.
Vamos prosseguir, com o segundo ponto da agenda de hoje, a apreciação do Projeto de Resolução n.º
771/XIV/2.ª (PEV) — Salvar a Casa do Alentejo.
Para apresentar esta iniciativa, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Silva, de Os Verdes.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A pandemia da COVID-19 abalou todos os setores da sociedade. O movimento associativo e as coletividades portuguesas não escaparam a estes
abalos.
A suspensão das suas atividades desportivas, culturais ou recreativas levou a uma gigantesca redução das
receitas, enquanto uma grande parte das despesas se mantém, nomeadamente com trabalhadores, sedes e
encargos inerentes, pondo em causa a sobrevivência de muitas delas.
É inegável o serviço que estas entidades prestam às populações, seja na pequena aldeia ou na capital, sendo
incontestável a expressão riquíssima e muito abrangente da participação cidadã.
Hoje, o futuro das associações está dependente de uma urgente e eficaz intervenção por parte do Governo
em coordenação com as autarquias locais.
Hoje, falamos da Casa do Alentejo. A associação regionalista Casa do Alentejo, fundada em 1923, tem desde
1932 a sua sede no magnífico Palácio Alverca, na Baixa pombalina, onde, para além de um espaço de convívio
da diáspora alentejana, desenvolve uma atividade riquíssima de representação e promoção do Alentejo,
divulgando a sua cultura e património, dando voz e espaço às mais diversas expressões artísticas, culturais,
económicas e sociais desta vasta região. Uma verdadeira embaixada do Alentejo.
Esta Casa é também um marco de referência, na visitação da cidade de Lisboa, para o turismo internacional.
A atração turística da Casa do Alentejo, que está ao nível de muitos outros espaços históricos emblemáticos
da capital, deve-se a três fatores: o prestígio e qualidade da gastronomia alentejana; o interesse pela
singularidade histórica e cultural do povo alentejano, fator que engrossou com a classificação do cante pela
UNESCO, em 2014, como Património da Humanidade; e a riqueza, beleza arquitetónica e artística do Palácio
Alverca, classificado como monumento de interesse público em 2011.
Este palácio urbano, de inícios do século XVII, edificado entre dois troços da muralha fernandina, desperta
grande curiosidade. O Palácio Alverca integra um conjunto de painéis de azulejos de grande riqueza cromática