I SÉRIE — NÚMERO 33
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Neste momento, as restrições impostas pela crise sanitária colocam em risco a existência desta instituição
histórica da cidade de Lisboa, o que, naturalmente, exige da parte do Governo um conjunto de medidas que, em
articulação com a Câmara Municipal de Lisboa, garantam a sobrevivência da Casa do Alentejo.
Apesar do apoio, que já aqui foi mencionado, dado pela própria Câmara Municipal de Lisboa, ele é
insuficiente para satisfazer as necessidades, sendo também necessário haver uma visão estrutural para a
retoma e a preservação de casas históricas, seja na nossa cidade de Lisboa, seja em todo o País.
Se salvar a Casa do Alentejo é importante, não nos podemos esquecer de que esta não é a única estrutura
ou instituição com relevância histórica que está aqui em causa, devido à crise socioeconómica que se seguiu à
crise sanitária.
Sr.as e Srs. Deputados, é por isso mesmo que, neste contexto, é importante também salvar outras realidades,
como, por exemplo, o Teatro Maria Vitória, que, a poucos metros da Casa do Alentejo, vê o seu fim à espreita,
após muitos anos de duras lutas. Deixar morrer o Maria Vitória é deixar morrer o teatro de revista profissional e
regular em Portugal. Temos também o caso do Café Majestic, um café histórico na vida intelectual e cultural da
cidade do Porto a que a crise sanitária fechou portas e colocou numa situação muito delicada.
Pelo País fora temos diversos cinemas, cineteatros, teatros, grupos de teatro ou espaços culturais e regionais
que estão, neste momento, no limbo entre o seu fim e a sua sobrevivência, havendo o risco real do já insuficiente
tecido cultural diminuir ou desaparecer em muitas zonas do País. É por isso que é preciso agir de forma integrada
para salvar todas estas entidades e instituições. Depois da apatia de alguns quando o turismo de massas
descaracterizou as nossas cidades, não podemos deixar agora as poucas instituições genuínas das nossas
cidades desaparecerem e, com isso, perdermos um tecido importantíssimo do nosso País.
Cientes destas necessidades, no Orçamento do Estado para 2021, apresentámos propostas que visavam,
de alguma forma, dar respaldo a estas instituições. Infelizmente, elas foram chumbadas. E, num contexto de
crise como a que estamos a viver, elas poderiam, de facto, beneficiar a parte comercial da Casa do Alentejo, o
que foi, infelizmente, afastado. Falo, por exemplo, dos apoios extraordinários à tesouraria, em contexto de
COVID-19, que visavam apoiar estas instituições.
Não tendo sido possível conseguir estes apoios, com expressão na vida destas entidades, o que impediria o
seu fim, naturalmente que iremos acompanhar esta iniciativa do PEV, que é já um passo para que não se deixe
cair a Casa do Alentejo. Esperamos, a breve trecho, que haja uma medida para que não se deixe cair as demais
instituições do nosso País.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Gonçalves Pereira, do CDS.
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Começo por felicitar a Sr.ª Deputada Mariana Silva pela iniciativa que Os Verdes aqui trazem relativamente à Casa do Alentejo.
Já ouvimos aqui a descrição desta instituição: é uma Casa praticamente centenária — daqui a três anos faz
100 anos de existência — e que tem um papel importante na afirmação do próprio Alentejo, seja na sua vertente
patrimonial, seja na sua vertente cultural, seja na sua vertente gastronómica, o que também é relevante, estando
sediada num bonito palácio de Lisboa, na Baixa pombalina.
Portanto, não podemos estar mais de acordo que a atividade da Casa do Alentejo se traduz numa própria
embaixada do Alentejo. Aliás, o lema que a Casa do Alentejo ostenta é o seguinte: «Um Povo, uma Cultura,
uma Região».
É esta afirmação da Casa do Alentejo que é importante sublinhar e apoiar, sendo que, ainda ontem, a Câmara
de Lisboa, e bem, fez a atribuição de um apoio. Aliás, a Assembleia Municipal também já o tinha feito, através
de uma recomendação. E, hoje, pelo que se percebe aqui pelas diferentes intervenções, há um largo consenso
para que se apoie esta instituição.
A Sr.ª Deputada Mariana Silva referiu, na sua intervenção, que o exemplo da Casa do Alentejo é o exemplo
de outras entidades, associações recreativas, desportivas e culturais que estão a viver momentos muito difíceis.
Por isso, este é o momento em que o Governo central e as autarquias têm de se articular para não deixar morrer
estas entidades, que não só afirmam a cultura e a nossa identidade, como representam, em muitos casos,
postos de trabalho. Em relação à Casa do Alentejo, estamos a falar de 32 funcionários, o que é um fator relevante
para se proceder a uma intervenção social.