I SÉRIE — NÚMERO 33
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CDS pelo círculo de Bragança, desafio que confessou abraçar com ‘uma grande alegria’, por ser a terra do seu
pai, o Prof. Adriano Moreira, e por, desta forma, poder homenageá-lo.
Nuno Moreira era uma pessoa de trato afável e de convicções fortes. Deixa a quem com ele conviveu a
memória da sua alegria, da sua generosidade, da sua disponibilidade, da sua vontade de ajudar e de fazer. Um
homem bom e uma personalidade fortemente marcada pela democracia cristã.
Pelo exposto, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, decide demonstrar o seu profundo
pesar e consternação pelo falecimento de Nuno Lima Mayer Moreira e apresenta a toda a sua família, aqui
presente, as mais sentidas condolências, com um abraço sentido à sua irmã e nossa colega Deputada Isabel
Moreira.»
O Sr. Presidente: — Obrigado, Sr. Deputado Telmo Correia. Antes de procedermos à votação do projeto de voto, queria salientar a presença da família nesta Assembleia,
não apenas a da nossa colega Isabel Moreira mas também a do pai, o Prof. Adriano Moreira, a quem saúdo,
endereçando-lhe as minhas condolências muito sentidas.
Srs. Deputados, vamos votar a parte deliberativa deste projeto de voto.
Submetida à votação, foi aprovada por unanimidade.
Temos, ainda, o Projeto de Voto n.º 432/XIV/2.ª (apresentado pelo PS, pelo PCP e pela Deputada não inscrita
Joacine Katar Moreira) — De pesar pelo falecimento de Celina Pereira.
A Sr.ª Secretária Sofia Araújo vai fazer o favor de ler este projeto de voto.
A Sr.ª Secretária (Sofia Araújo): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, o projeto de voto é do seguinte teor: «Faleceu no passado dia 17 de dezembro, em Almada, aos 80 anos de idade, Celina Pereira, deixando mais
pobre a cultura de Cabo Verde e de Portugal, onde se encontrava radicada há vários anos.
Figura maior da cultura cabo-verdiana contemporânea, Celina Pereira marcou não apenas o panorama
musical em Cabo Verde, em Portugal e junto das suas diásporas, como se revelou detentora de uma carreira
notável como escritora, educadora, divulgadora cultural, ativista e, com especial carinho seu, ‘contadora de
histórias e estórias’».
Natural da ilha da Boavista, Maria Celina Silva Pereira viria a concluir o curso do Magistério Primário em
Viseu. Subindo ao palco pela primeira vez em 1968, em 1979 a sua vida musical registaria a gravação de um
single, lançando em 1986 o seu primeiro LP, Força di Cretcheu, obra já marcada pelo seu perfil multifacetado e
pontuado pela recolha de histórias e tradições.
A sua vertente de contadora de histórias afirmou-se desde cedo, passando também com expressão
internacional em vários países da diáspora de Cabo Verde, nos Estados Unidos da América, onde colaborou na
rede de escolas públicas de Boston, ou em Itália ou França, lançando inúmeros álbuns de histórias e cantigas
infantis.
Paralelamente, Celina Pereira desenvolvia inúmeros trabalhos musicais e colaborações com artistas de
vários pontos e estilos musicais da lusofonia, sendo, por isso, verdadeiramente uma ativista e construtora do
diálogo cultural permanente entre as culturas musicais populares cabo-verdiana e portuguesa.
Verdadeira embaixadora da morna, empenhou-se especialmente na candidatura apresentada junto da
UNESCO para o reconhecimento da morna como Património Imaterial da Humanidade, tendo sido uma das
primeiras a incentivar a sua classificação e elevação em 2011.
O reconhecimento da sua dedicação à cultura foi transversal e comum aos vários locais e povos que marcou.
Em 2003, foi agraciada pelo Presidente Jorge Sampaio com a Ordem de Mérito pelo seu trabalho na área da
educação e da cultura, tendo recebido em 2007 a Medalha do Vulcão de 1.º Grau, atribuída pelo Presidente da
República de Cabo Verde.
Em abril de 2019, a apresentação do seu álbum Areias Mornas de Bubista transformou-se numa festa de
amizade e homenagem a Celina Pereira, com artistas de Cabo Verde, Portugal e Brasil, na presença de
autoridades portuguesas e cabo-verdianas, em que a Assembleia da República esteve presente.
Assim, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, exprime o seu pesar pelo falecimento de
Celina Pereira e endereça ao seu público, aos seus familiares e amigos e à República e ao povo de Cabo Verde