14 DE JANEIRO DE 2021
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Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr. Deputado, já se percebeu. Muito obrigada.
Dizia eu que cinco Deputados se inscreveram para pedir esclarecimentos à Sr.ª Deputada Joana Mortágua.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Mas retira ou não a distribuição do documento?!
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — A Sr.ª Deputada informou a Mesa que deseja responder, primeiro, a um
grupo de três pedidos de esclarecimento e, depois, aos restantes dois.
Para formular um pedido de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa, do Grupo
Parlamentar do CDS-PP.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, começo por agradecer à Sr.ª Deputada Joana Mortágua
por voltar a trazer este tema, na sequência do PAN, o que só prova que, de facto, este é o assunto do momento.
Sr.ª Deputada, gostaria de começar por dizer que nem o CDS nem ninguém quer fechar escolas, como
ninguém quer fechar restaurantes, cafés, cabeleireiros, lojas e outros serviços. Mas também é verdade que
ninguém quer ver os hospitais em rutura, sem lugar e sem condições para tratar os doentes que deles precisam.
É desse equilíbrio que falamos hoje, desse equilíbrio difícil, e a pergunta é a seguinte: se tiver de ser
necessário enviar alunos para casa, para ensino à distância, desde logo aqueles de que mais se fala, que são
os alunos do secundário, como se pode acautelar essa decisão e como se podem mitigar esses efeitos que tão
bem descreveu?
Relembro — aliás, como a Sr.ª Deputada disse — as palavras do Sr. Primeiro-Ministro, no dia 9 de abril. Veja
bem como é irónico o destino! Dizia o Sr. Primeiro-Ministro: «Aconteça o que acontecer, no início do ano letivo
todos os alunos terão um computador para garantir o acesso à transição digital.»
Azar dos azares, mesmo um infortúnio para todos, aqui estamos nós na circunstância que exatamente se
queria prevenir.
Vamos ter, provavelmente, de enviar alunos para casa e não, não está garantido que todos os alunos que
dele necessitam terão um computador, até porque, como disse a Sr.ª Deputada e é do conhecimento geral, de
um milhão de computadores prometidos em setembro, cerca de 100 000 foram distribuídos.
Pergunto-lhe, Sr.ª Deputada, o seguinte: se tiver de acontecer esta situação, se tiverem de ser enviados para
casa alunos, desde logo os do secundário, alunos que terão de fazer exames, com grande probabilidade, no
final deste ano letivo e que, portanto, têm realmente uma necessidade acrescida de manter a proximidade com
os seus professores, concorda a Sr.ª Deputada que se pode afirmar que o Sr. Primeiro-Ministro falhou, que o
Governo falhou no cumprimento das condições necessárias à garantia do ensino à distância, em momentos de
pandemia?
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana
Mesquita, do Grupo Parlamentar do PCP.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr.ª Presidente, começo por cumprimentar a Deputada Joana Mortágua pelo
tema que trouxe.
Para o PCP, é preciso combater o medo e afirmar a esperança de que é possível continuar a vida para lá do
confinamento e da pandemia com responsabilidade, que não pode ser limitada à responsabilidade individual.
Tem de haver uma responsabilidade coletiva e é o Governo que tem de promover as medidas para que ela
aconteça, garantindo a adoção de soluções urgentes, como a do efetivo reforço dos serviços públicos,
nomeadamente da escola pública.
Portanto, Sr.ª Deputada, o PCP considera que é preciso garantir todas as condições de segurança sanitária
para que o ensino presencial, sim, se concretize, porque ele é importante e é incontornável, e o contacto direto
entre o aluno e o professor é insubstituível.