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I SÉRIE — NÚMERO 37

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Sr. Deputado, acha que está tudo mal…

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr.ª Deputada, peço-lhe que conclua e que ouça a Mesa.

A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — … e conforma-se?! Nós não nos conformamos.

Muito obrigada, Sr.ª Presidente.

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr.ª Deputada, há regras protocolares, regimentais, nesta Assembleia,

e quando quem está a presidir à sessão diz para concluir, a Sr.ª Deputada, ao menos, diz «concluo já», dá uma

justificação à Mesa.

O Sr. José Magalhães (PS): — Sr.ª Presidente, peço a palavra.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr. Deputado José Magalhães, pede a palavra para que efeito?

O Sr. José Magalhães (PS): — É para interpelar a Mesa, Sr.ª Presidente.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sobre que assunto? Sobre a condução dos trabalhos?

O Sr. José Magalhães (PS): — Sr.ª Presidente, na verdade, trata-se de um pedido.

Uma vez que a Sr.ª Deputada Mónica Quintela não apresentou a carta do Conselho que prometeu apresentar,

gostaríamos nós de pedir-lhe que distribua um curto texto que cumpre essa missão.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Muito obrigada, Sr. Deputado, será distribuído.

Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Joana Mortágua, do Grupo Parlamentar do

Bloco de Esquerda.

A Sr.ª Joana Mortágua (BE) — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A nova declaração do estado de

emergência traz a angústia do regresso a um confinamento que terá as consequências que já todos

conhecemos. Ainda estamos a pagar caro a fatura do anterior confinamento, a fatura económica, a fatura social

e a fatura pedagógica, e hoje está claro que as consequências da crise pandémica não afetaram todos por igual.

Em outubro, a Prof.ª Carmo Machado pediu aos seus alunos do secundário um depoimento sobre o período

de confinamento. As respostas confirmaram os seus piores receios: a experiência foi mais traumática do que se

esperava.

Vejamos alguns desses testemunhos.

A Ana escreveu: «O confinamento foi o período mais extenso da minha vida. Foram semanas que

aparentavam demorar meses, dias que pareciam semanas, horas que passavam muito devagar.»

A Clara escreveu: «Os meus planos iniciais terminaram inevitavelmente em cansaço e em desmotivação. E,

depois, veio a depressão e veio o desespero.»

Outra aluna confirma: «Não vou mentir. No início do confinamento, achei que ia seguir com todos os meus

planos, mas comecei a isolar-me e a ‘stressar-me’ com tudo à minha volta. As aulas online deixavam-me mais

desgastada do que um dia inteiro de aulas presenciais.»

No final, a Prof.ª Carmo Machado refere que a Ana continua a sofrer os efeitos do isolamento e tem ainda

dificuldades em controlar a ansiedade.

Sr.as e Srs. Deputados, o balanço dos efeitos do confinamento sobre as crianças e os jovens é muito claro e

consensual. O risco de afastar novamente os alunos das escolas é o de vermos agravarem-se as desigualdades

sociais, os problemas de saúde mental, os prejuízos definitivos na aprendizagem e no desenvolvimento

emocional e intelectual, o acesso desigual ao ensino à distância e a redução das respostas sociais contra a

fome e a pobreza, havendo menos acompanhamento especializado para a inclusão.

Nestas idades, há aprendizagens que não se suspendem. Atrasam-se, ou, simplesmente, perdem-se.