I SÉRIE — NÚMERO 37
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O Sr. José Magalhães (PS): — É falso!
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Isto tem sido cada cavadela, cada minhoca! Primeiro, a Sr.ª Ministra não
conhecia a carta; depois, afinal, já a carta tinha sido feita na sequência de uma reunião; depois, a seguir, a carta
enviada já não tinha relevância e vieram a Sr.ª Ministra e o Primeiro-Ministro dizer que os lapsos eram
irrelevantes e que não tinham tido importância nenhuma. Viemos, agora, a saber que o Conselho aceitou a
nomeação deste procurador, em vez da preterida, com base no currículo alavancado, ou melhor, não foi o
currículo que foi alavancado, foi a carta enviada pelo Ministério da Justiça.
Sr. Deputado Telmo Correia, respondo-lhe que têm de ser tiradas as ilações políticas inerentes a isto e tem
de perceber-se por que razão o Sr. Primeiro-Ministro mentiu, por que razão a Sr.ª Ministra da Justiça mentiu e
por que razão está a reinar um sentimento de impunidade. A justiça é um pilar do Estado de direito democrático
e não pode ser instrumentalizada.
O Sr. José Magalhães (PS): — Não tem razão!
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Mas, nas instâncias internacionais, na Europa, os vários grupos já
questionaram Ursula von der Leyen para saber se é possível e se aceita que sejam postos em causa desta
forma os princípios de cooperação da União, os princípios de lealdade, de verdade e de confiança no Estado
português. É aceitável que um Estado, que, ainda por cima, vai agora presidir à União Europeia, minta com
todas as letras, preto no branco, enviando um documento eivado de falsidades?
O Sr. José Magalhães (PS): — Mostre a carta! Mostre a carta!
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Basta ler a carta e o fundamento enviado — não venha com essas
estratégias do barulho! — para se perceber que o Conselho só o aceitou porque entendeu que o procurador
escolhido, o comissário político escolhido pelo Governo português tinha melhores condições e mais qualidades.
Infelizmente, o Sr. Procurador não possui essas qualidades. Portanto, esta é a verdade!
O Sr. Primeiro-Ministro mentiu, a Sr.ª Ministra da Justiça mentiu. Quer mais, Sr. Deputado? Quer mais?
O Sr. José Magalhães (PS): — Quero! Quero a verdade!
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Acha pouco grave?
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr.ª Deputada, peço-lhe que conclua.
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Vou concluir, Sr.ª Presidente, mas os outros grupos parlamentares têm
tido mais tolerância.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr.ª Deputada, também usou mais tempo na sua declaração política,
como pode ver pelo quadro.
Portanto, faça o favor de concluir.
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Agradeço-lhe, Sr.ª Presidente.
Sr. Deputado António Filipe, só posso sugerir-lhe que leia com atenção o regulamento. Disponibilizo-me para
o ler com V. Ex.ª para esclarecer qualquer dúvida que tenha.
Aplausos do PSD.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Ah! Isso é bonito!
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês
de Sousa Real, do Grupo Parlamentar do PAN.