I SÉRIE — NÚMERO 37
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imperativo da justiça próxima que está por cumprir; vamos falar sobre a deterioração das condições de
funcionamento do sistema prisional». Nada! Fiquei, de facto, indignadíssimo com a fonte que me deu esta
notícia, porque me enganaram.
Esta declaração não foi em nada sobre o estado da justiça, mas foi sobre um caso. Na verdade, o PSD tem
agora esta abordagem da política nacional: fala de casos. É uma estratégia que o PSD escolheu e tem toda a
legitimidade para o fazer, mas creio que não é uma grande ajuda para melhorar o estado e a situação do País.
A intervenção da Sr.ª Deputada Mónica Quintela foi, de alguma maneira, uma revisão em baixa do oráculo
do Dr. Marques Mendes.
Risos do PS.
Foi um pouco isso o que aconteceu aqui e, na verdade, creio que tal o caracteriza muito bem.
Sr.ª Deputada, vamos ver o que já sabemos. Sabemos que houve uma escolha política por parte do Governo
— certíssimo. Sabemos que o Governo tinha toda a legitimidade para o fazer — certíssimo. Sabemos que essa
escolha política, por parte do Governo, acrescentou responsabilização ao Governo, que devia ter conduzido o
processo sem qualquer mácula — sabemos isso. Sabemos também que o processo foi tudo menos o que devia
ter sido, porque, justamente, teve uma componente muito relevante, que é o documento que a Sr.ª Deputada
aqui lembrou.
Portanto, sabemos que a Sr.ª Ministra, na audição que teve connosco, reconheceu com clareza as suas
responsabilidades, pessoais e políticas, no que sucedeu.
O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — Nota-se!
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sabemos, também, que a mancha fica. Sabemos! Tudo isto é mau, mas
pior ainda é, evidentemente, a reação completamente descontrolada por parte do Sr. Primeiro-Ministro, e pior
ainda é a reação do PSD, totalmente descontrolada também, à reação descontrolada do Primeiro-Ministro. Tudo
mau!
Sr.ª Deputada Mónica Quintela, tudo isto já sabíamos.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr. Deputado, tem de concluir!
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr.ª Presidente, vou concluir com uma pergunta cuja resposta será «sim»
ou «não». Têm a Sr.ª Deputada Mónica Quintela e o Grupo Parlamentar do PSD algum facto novo sobre este
caso que deva ser trazido ao conhecimento do Parlamento?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder a estes pedidos de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Mónica Quintela.
O Sr. José Magalhães (PS): — Falta a carta do Conselho!
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Sr.ª Presidente, agradeço à Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real e ao Sr.
Deputado José Manuel Pureza.
Concordo com muito do que a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real aqui referiu e discordo, em absoluto, da
questão da atuação do bloco central, porque o PSD tem estado desde sempre na primeira linha, obviamente,
contra esta situação e contra esta nomeação que procura instrumentalizar a justiça. Já sabemos que o
procurador europeu vai, depois, por si só, indicar os seus procuradores delegados.
Efetivamente, além da teia que está por trás, corremos o sério risco de termos aqui uma teia nova, assim
criada.
Protestos da Deputada do PS Constança Urbano de Sousa.