14 DE JANEIRO DE 2021
45
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Sr.ª Presidente, respondo, em conjunto, aos primeiros três Srs. Deputados
e depois aos restantes dois.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Muito obrigada, Sr.ª Deputada.
Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia, do Grupo Parlamentar do CDS.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Mónica Quintela,
começo, obviamente, por cumprimentá-la pelo tema que traz, pela relevância e importância do mesmo.
Sr.ª Deputada, já tínhamos percebido, há muito tempo, que a Sr.ª Ministra da Justiça tem uma total
incapacidade de reformar, tal como tem uma incapacidade de responder aos investimentos necessários na
justiça, designadamente aos investimentos necessários no combate à corrupção, mas este é um caso específico
da maior gravidade. E é da maior gravidade, como a Sr.ª Deputada disse, pelo seguinte: a partir do momento
da escolha do júri europeu, era de bom senso o Governo português concordar, como fez a maior parte dos
Governos por essa Europa fora, com o nome indicado em primeiro lugar.
Protestos do Deputado do PS José Magalhães.
O Governo abre, inclusivamente, uma suspeição inevitável, grave, ao não ter querido o primeiro nome porque
— e convém dizer as coisas como elas são —, curiosamente, era o nome de quem, pouco tempo antes, tinha
terminado uma investigação ao Gabinete do Ministro Eduardo Cabrita a propósito do célebre caso das golas de
fumo. É disto que estamos a falar e, obviamente, esta dúvida é incontornável e insustentável, diria.
A partir daí, o que é que temos? Temos informações falsas, enviadas pelo Governo português para as
instituições europeias. E, daqui, temos várias consequências.
Não acha a Sr.ª Deputada que isto pode resultar numa espécie de teoria da irresponsabilidade? Ou seja,
ninguém é responsável. Alguém fez um papel, mas ninguém sabe muito bem como nem porquê.
Não acha que, de alguma forma, esta resposta é insuficiente?
E há um dado até mais grave, que tem a ver com o que eu e a Sr.ª Deputada já vimos num debate televisivo
e na própria Comissão, que é a Sr.ª Ministra e, depois, o Partido Socialista e o Sr. Deputado que há pouco
estava a dizer umas coisas a afirmarem-nos o seguinte: «O Governo mentiu, já todos percebemos, mas não é
grave, porque as instituições europeias não decidiram com base nessa mentira.» Do meu ponto de vista, já seria
suficientemente grave que o Governo tivesse mentido.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Peço que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Estou mesmo a terminar, Sr.ª Presidente.
O que sabemos hoje — e é-nos dito pelas instituições europeias — é que essa mentira foi importante para a
decisão, e isso é mais grave, ainda.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Muito obrigada, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — A Sr.ª Deputada fala em consequências e eu pergunto-lhe: acha que a
Sr.ª Ministra tem condições para continuar? Parece-me que é dificilmente sustentável que a Sr.ª Ministra tenha
condições para continuar, pelo que é esta pergunta que lhe deixo, Sr.ª Deputada.
O Sr. José Magalhães (PS): — Fake news!
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José
Magalhães, do Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. José Magalhães (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Mónica Quintela, que
provas trouxe de que o Conselho Europeu deliberou com base numa avaliação curricular viciada?