14 DE JANEIRO DE 2021
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O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Isso não interessa nada!
O Sr. António Filipe (PCP): — … e tendo ouvido já toda a gente que se pronunciou sobre esta matéria,
vemos que a situação está clarificada relativamente aos erros cometidos e assumidos e relativamente à validade
e à plena legitimidade da decisão tomada pelo Conselho Europeu.
Sr.ª Deputada, diz-nos o seguinte: «Bem, mas não é o Governo que escolhe o representante de Portugal à
Procuradoria Europeia». Pois não é! Aliás, quem fez essa escolha foi precisamente o Conselho Europeu. Bom,
nós já sabemos qual foi a decisão tomada no concurso aberto pelo Conselho Superior do Ministério Público.
Sabemos que o Procurador José Guerra, que foi, efetivamente, escolhido, ficou em primeiro lugar nesse
concurso; sabemos que a Sr.ª Procuradora, que o PSD considera que deveria ter ocupado o lugar, ficou em
terceiro lugar, a uma larga distância do primeiro posicionado; sabemos que o parecer do comité europeu, que o
PSD tanto valoriza, nos termos do regulamento, não tem eficácia vinculativa e, portanto, o Governo português
não está vinculado a seguir o posicionamento definido por esse Conselho; sabemos que esse Conselho não
excluiu, podendo fazê-lo, o Procurador José Guerra de ser um dos escolhidos; e sabemos que o Conselho da
União Europeia, na posse de todos os elementos e não apenas da carta que conteve os erros reconhecidos e
que são, obviamente, lamentáveis, fez a sua escolha. Quer parecer-nos que é desconsiderar o Conselho
Europeu o facto de pensar que este não teria olhado para o currículo do Dr. José Guerra e teria olhado apenas
para uma missiva que o acompanhava.
Portanto, Sr.ª Deputada, dir-me-á: «Bem, o Sr. Deputado também não disse aqui nada de novo».
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Pois não disse, porque, efetivamente, não há nada de novo a trazer em
relação ao que acabei de dizer, mas também não houve nada de novo no que a Sr.ª Deputada aqui disse, pois,
no fundo, repetiu o que já tinha dito na reunião da Comissão onde esteve a Sr.ª Ministra da Justiça.
Aplausos do PCP e de Deputados do PS.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder a estes três pedidos de esclarecimento, tem a palavra
a Sr.ª Deputada Mónica Quintela.
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Sr.ª Presidente, agradeço aos Srs. Deputados Telmo Correia, José
Magalhães e António Filipe as questões colocadas.
Sobre a teia, Sr. Deputado, percebo, e já todos sabemos, o porquê desta indicação. De uma forma geral, é
evidente que o Conselho da União Europeia aceitou a indicação de Portugal com base nos pressupostos falsos
enviados naquele documento falso.
Vozes do PSD: — Exatamente!
Protestos de Deputados do PS.
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Todo nós vimos isso num programa da RTP! Aceito o repto do Sr.
Deputado e farei chegar à Mesa os documentos que foram anexados e mostrados na televisão. Não tente
desviar as atenções, porque isso não lhe fica bem!
O que está aqui em causa é o facto de o Conselho da Europa só ter aceitado a nomeação enviesada do
Governo português por causa das informações erradas que foram enviadas.
O Sr. José Magalhães (PS): — Foi o Conselho da Europa!
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Está claramente estribado, os lapsos foram estribados!