I SÉRIE — NÚMERO 37
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Estamos perante um cenário de elevada transmissibilidade deste vírus. Dizia-me, há pouco, o Sr. Deputado
do Partido Socialista que, se olharmos para aquilo que foram os dados e os compararmos com o período em
que as escolas estiveram encerradas, no final do 1.º período, portanto para pausa letiva, esses dados
continuaram a aumentar. Gostaria de relembrar que só conseguimos fazer essa leitura na primeira semana de
janeiro, comparativamente ao período em que ainda havia aulas.
Mas não é isso que está, efetivamente, em causa. O que gostaria de saber prende-se com três questões,
muito concretas.
Primeira: considera que aqueles profissionais de educação que integram os grupos de risco, se assim
desejarem, devem poder trabalhar à distância, apoiando a atividade pedagógica através dos meios digitais
necessários, etc., a fazer trabalho que também importa para os alunos poderem consolidar aprendizagens?
Segunda: considera que, face ao regresso à escola, também no continente se deveria ter feito o mesmo que
na Madeira, isto é, adiar o início do 2.º período para poder testar todos os profissionais, antes de regressarem
à escola?
Terceira questão: concorda com o que o PAN ontem disse ao Ministro da Educação, ou seja, de que este
deveria pugnar pela proteção de todos os profissionais da educação e, portanto, garantir que seja feita uma
revisitação ao plano de vacinação — isto, obviamente, se estes profissionais tiverem de continuar no regime
presencial?
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Tiago Estevão
Martins, do Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. Tiago Estevão Martins (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, decidimos, hoje, se as escolas
encerrarão ou não. E, de facto, este é o grande tema do dia e é inegável que aqui o possamos também discutir,
como, aliás, podemos verificar pelas declarações políticas do Bloco de Esquerda e do PAN.
De facto, hoje estamos confrontados com este difícil equilíbrio entre a saúde pública e o direito à educação
de todos os jovens.
Estamos a ter esta discussão ao dia 13 de janeiro de 2021 nos moldes em que a estamos a ter devido a duas
grandes questões: em primeiro lugar, graças ao consenso alargado de que as escolas apenas devem fechar em
último recurso e, em segundo lugar, que esse consenso parte da avaliação de que, apesar de toda esta terrível
pandemia, as escolas são, de facto, um espaço seguro, suficientemente seguro para que possamos equacionar
se elas devem continuar abertas ou não.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Muito bem!
O Sr. Tiago Estevão Martins (PS): — Ora, ao contrário do que, na altura, foi dito, hoje podemos verificar
que as orientações produzidas pelo Ministério e pela Direção-Geral da Saúde foram não só de grande utilidade,
mas também suficientemente flexíveis e adequadas para que pudéssemos ter o 1.º período com a normalidade
possível, atendendo às circunstâncias.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Muito bem!
O Sr. Tiago Estevão Martins (PS): — Vimos que o regresso ao presencial, ainda que não na totalidade, no
final do último período, foi bem-sucedido, vimos que os exames nacionais foram um sucesso significativo no
quadro de dificuldades vividas, mas também fomos capazes de delinear um ano letivo — este ano letivo — que
contemplasse um plano A, um plano B e um plano C, para se adaptar, precisamente, às situações
imponderáveis, como aquela que vivemos.
Há, de facto, um conjunto de esforços empreendidos na capacitação das comunidades escolares para que
estejamos, hoje, mais preparados, não só a nível das medidas de mitigação de risco, de orientações
pedagógicas produzidas, mas também a nível da capacitação técnica.
Por isso, reforçámos o orçamento da educação, com este Orçamento do Estado para 2021, em 7%, mas
também o das instituições de ensino superior em 6%.