14 DE JANEIRO DE 2021
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O abastecimento de combustível a toda a região Norte do País é realizado a partir desta refinaria, em
Matosinhos. Um abastecimento a partir de Sines trará um muito significativo aumento de custos e, na prática,
não acontecerá. O que vai efetivamente acontecer é um abastecimento a partir da Galiza e da sua refinaria da
Repsol, que já está ligada por um pipeline até à fronteira portuguesa. Ou seja, passaríamos a importar o que
hoje produzimos.
O aeroporto do Porto é abastecido através de um pipeline com origem na refinaria de Matosinhos.
Desta refinaria, está ainda dependente um importante cluster industrial, da Fábrica de Aromáticos em
Matosinhos ao Complexo Químico de Estarreja, que enfrentarão importantes aumentos nos custos de produção,
colocando-a em risco e às empresas que dela dependem.
O encerramento da refinaria do Porto significa, por exemplo, que alguns dos medicamentos deixarão de
utilizar matérias-primas portuguesas, que obras de pavimentação de estradas não serão feitas com asfaltos ou
betumes portugueses, que, quando formos comprar uma garrafa de óleo alimentar, os solventes utilizados na
refinação do óleo já não serão portugueses, mas provenientes, muito provavelmente, de Espanha.
O encerramento desta refinaria é um crime económico que atinge brutalmente 1500 trabalhadores e as suas
famílias, mas que atingirá igualmente o tecido económico local e regional.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O encerramento desta refinaria é uma forma de a Galp continuar a acumular
lucros, à custa de postos de trabalho, do desemprego, de um desbaste na economia local, da perda de soberania
e de mais destruição da produção nacional, e utilizando fundos públicos para financiar o esvaziamento desta
infraestrutura.
É urgente travar o encerramento da refinaria e o Governo pode fazê-lo, se tiver vontade política para tal. O
Governo é o segundo maior acionista da Galp e, além disso, tem uma responsabilidade na tutela deste setor
energético que lhe confere os instrumentos necessários para travar esta decisão, contrária aos interesses dos
trabalhadores e contrária aos interesses nacionais.
A requerimento do PCP, ouviremos o Sr. Ministro do Ambiente sobre este assunto e não deixaremos de
confrontar o Governo com a sua cumplicidade para com esta situação.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Ao longo dos últimos meses em que a refinaria do Porto foi abrandando a
sua atividade e foram sendo concretizados ataques aos direitos dos trabalhadores, o PCP denunciou a situação
e deu voz à defesa da refinaria e dos direitos destes trabalhadores.
Agora que se pretende encerrar a operação de refinação no Porto, o que se impõe é a defesa dos postos de
trabalho, a defesa da refinaria, da região e da produção nacional.
Não é a primeira vez que procuram encerrar a atividade de refinação no Porto. A mobilização dos
trabalhadores e das populações foi, então, determinante para travar essa intenção.
Hoje, como no passado, essa mobilização será um elemento fundamental para impedir a destruição deste
ativo absolutamente estratégico para Portugal.
E o PCP cá estará para esse combate.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, seis Srs. Deputados. A Sr.ª
Deputada responderá, segundo informou à Mesa, a três grupos, separadamente, de dois Srs. Deputados.
Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Joana Lima, do Grupo Parlamentar do Partido
Socialista.
A Sr.ª Joana Lima (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Diana Ferreira, felicito-a
e cumprimento-a por ter trazido a debate este assunto, tão importante e relevante. Trata-se de um tema que o
PS acompanha, corroborando as vossas preocupações. De facto, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista,
logo que teve conhecimento pela comunicação social de que a refinaria da Galp, em Matosinhos, iria encerrar,
apresentou um requerimento na Comissão Parlamentar de Ambiente para ouvir três entidades, nomeadamente
o Sr. Ministro do Ambiente, tal como o PCP também requereu.
É importante ouvirmos algumas entidades que consideramos cruciais para a clareza do processo. Com esta
iniciativa, visamos encontrar soluções e meios para minimizar os efeitos negativos que este encerramento da
refinaria da Galp, em Matosinhos, pode provocar a nível laboral e social e, em particular, aos seus trabalhadores.