I SÉRIE — NÚMERO 37
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envolvimento do Governo nesta decisão. Para além disso, os portugueses também devem saber que
compromissos é que o Governo assumiu nesta tomada de decisão.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — Por isso, Srs. Deputados, estamos todos com alguma unanimidade no
tratamento deste assunto,…
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Ou não!
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — … mas o PSD vai mais além, que é realmente averiguar a envolvência do
Governo nesta tomada de decisão.
Para mais, sabemos que os sindicatos não têm sido chamados ao diálogo e à negociação, o que também
não favorece a diminuição da angústia e da ansiedade junto destes trabalhadores.
Assim sendo, Sr.ª Deputada do PCP, convidamo-la, não em jeito de pergunta, mas em jeito de desafio, a
associar-se às nossas preocupações — porque as nossas preocupações são as preocupações do País — e a
despir-se um pouco desses preconceitos…
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr.ª Deputada, peço que conclua.
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — Termino, sim, Sr.ª Presidente.
E que possa, portanto, Sr.ª Deputada, despir-se um pouco dos preconceitos ideológicos do PCP e olhar para
este assunto de outra forma.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana
Silva, do Grupo Parlamentar do PEV.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Diana Ferreira, quero
saudá-la por trazer este tema tão importante a debate.
Quando uma empresa distribui centenas de milhões de euros de lucros, num país onde o salário mínimo
«não sai da cepa torta» dos pouco mais de 650 euros e os salários são, em geral, muito baixos, nós
estranhamos.
Quando essa empresa o faz em período de pandemia, com tantos dramas sociais, há muito quem se indigne.
Mas quando, a seguir, essa empresa anuncia o encerramento de uma das maiores unidades industriais do
País, aí podemos dizer que se trata de um escândalo, que afeta centenas de trabalhadores diretamente e
milhares indiretamente, e que vai afetar o concelho de Matosinhos, muito para além disso. É um escândalo
cometido pela Galp, mas do qual nem o Governo nem o Sr. Presidente da República se demarcaram.
Quero aproveitar para, uma vez mais, manifestar a solidariedade do PEV aos trabalhadores da refinaria da
Galp, em Matosinhos, e dizer que o Governo tem de fazer o que estiver ao seu alcance para a defender.
Sr.ª Deputada, a Galp avança com o argumento da defesa do ambiente. Para nós, essa questão é primordial.
No entanto, consideramos ser um argumento falso. Se a Galp tivesse preocupações ambientais, teria adquirido
melhor tecnologia para defender o ambiente. Ora, como sabemos, não o fez, apesar dos avisos constantes dos
trabalhadores. E consideramos que não se defende o ambiente transportando combustível do Sul para o Norte
do País ou da Galiza para Portugal.
O que faz falta é outra política de defesa do ambiente, que assuma uma transição necessária, mas onde não
sejam sacrificados sempre os mesmos, os mais frágeis, não lhe parece, Sr.ª Deputada?
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Diana Ferreira, do PCP.