19 DE FEVEREIRO DE 2021
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Estamos realmente empenhados em reduzir e valorizar os resíduos.
O princípio do poluidor-pagador não pode ser uma taxa sobre os cidadãos que não têm alternativa à
economia realmente existente, nem pode ser uma via verde para as grandes empresas poluírem. Escolhemos
uma economia que se reorganiza para ser compatível com as necessidades dos cidadãos e com a
sustentabilidade do planeta.
Também por isso, fizemos ontem aprovar uma moratória ao aumento da taxa de gestão de resíduos e,
também por isso, hoje mesmo, agendámos a apreciação parlamentar do Regime Geral da Gestão de Resíduos,
para procedermos a muitas alterações na política de resíduos em Portugal, porque, de facto, nada está a resultar
neste setor, como o incumprimento das metas mostra.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Nelson Peralta, tem a palavra a Sr.ª
Deputada Joana Bento, do Grupo Parlamentar do PS.
A Sr.ª JoanaBento (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado, o Bloco e Os Verdes
dizem que o Governo está alheado desta matéria, o que não é verdade.
Mais: a nossa ação é tudo menos pomposa, porque é efetiva. Vejamos o seguinte: em dezembro do ano
passado, houve um conjunto de alterações muito relevantes no setor dos resíduos — com produção de efeitos
em julho deste ano —, com as quais se deve estabelecer a devida articulação e cuja implementação importa
acompanhar. É pomposo, Sr. Deputado?!
A recente alteração legislativa para a redução da produção de resíduos foi feita num contexto pandémico
difícil, mas tal facto não impediu que se assumissem metas nacionais na redução da produção de resíduos
urbanos, não urbanos e resíduos alimentares, o que, aliás, é um comprometimento em todas as áreas
governativas. É pomposo, Sr. Deputado?!
O desafio que nos convoca é a todos e não é de produção legislativa, porque essa está aí. O verdadeiro
desafio está no envolvimento, no comprometimento, diria mesmo na responsabilização de diferentes
intervenientes no processo de existência dos resíduos, porque só desta forma conseguiremos, com esforço e
responsabilidade, ir ao encontro da tendência europeia e cumprir metas assumidas.
Aplausos do PS.
É importante a adoção de comportamentos individuais para acelerar o cumprimento das metas a que nos
comprometemos.
Sr. Deputado, há vários diplomas, nomeadamente o Unilex, que contemplam obrigações para a indústria,
para a distribuição, para o retalho, para a restauração e que visam promover uma redução sustentável do
consumo de embalagens de utilização única e a promoção de embalagens reutilizáveis no mercado.
Outro ponto de que falou tem que ver com a criação dos mecanismos de aproveitamento e transformação de
metano e biogás. Aqui, o Plano de Recuperação e Resiliência, que se encontra em consulta pública, contempla
186 milhões de euros para apoiar investimento em projetos de produção de gases renováveis. O Programa
Portugal 2030 dará continuidade aos apoios de crescimento da produção de gases renováveis. É pomposo, Sr.
Deputado?!
Sabemos que o caminho é difícil. Sabendo que não podemos ter «sol na eira e chuva no nabal», questiono
o Bloco de Esquerda sobre que caminhos, com estes programas e apoios, traçaria em relação a esta matéria.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Nelson Peralta, do Grupo Parlamentar
do Bloco de Esquerda.
O Sr. Nelson Peralta (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, ainda bem que referiu a lei que o Governo fez
em dezembro. É que, antes dessa lei, as empresas produtoras, como a Coca-Cola, e as empresas distribuidoras,