1 DE ABRIL DE 2021
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Sr.as e Srs. Deputados, o PS ouve e dialoga com as associações representativas do setor e sabemos que
estas estão disponíveis para discutir, planear e reformar por forma a modernizar o setor. Este é o caminho:
participar, com essas entidades, no Concelho Nacional da Caça que está agendado para breve. Temos, assim,
uma imensa responsabilidade, porque é nossa responsabilidade fazer leis equilibradas e com bom senso, não
impondo conceitos e radicalismos ideológicos.
Este é o caminho que defendo, o caminho do progresso e do respeito. Só com respeito e equilíbrio podemos
ter um Portugal mais inclusivo e mais forte.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Emília Cerqueira, do PSD.
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Mais uma vez temos uma série de
iniciativas que, sob a capa do bem-estar animal, nos põe a discutir o mundo rural. É cada vez mais a ditadura
do gosto — «eu e os outros», «eu estou certo, nem que pertença a uma minoria entre as minorias» — e tem de
se impor a vontade a todos os outros.
Temos mais estas quatro propostas e já estamos um pouco cansados de discutir estas propostas
constantemente, constantemente, constantemente, numa repetição contínua para se impor aquela que não é a
vontade do País. Da mesma forma, não há nenhum clamor nacional, a não ser que seja aquele clamor de que
a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real veio falar, sobre o acidente dos pombos, que, por acaso, não eram para
qualquer atividade venatória ou para qualquer tiro, mas antes para uma competição. Convinha que a Sr.ª
Deputada tivesse lido o comunicado da Federação Nacional de Columbofilia e, se calhar, também não fazia mal
ouvir o que é a atividade da falcoaria, como também aqui já foi referido, classificada pela UNESCO.
Vozes do PSD: — Muito bem!
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Mas há outra questão na qual temos de recentrar-nos. Sob a capa do
bem-estar animal, tenta alterar-se a lei e fazer-se um paralelismo entre a atividade venatória e os animais de
companhia, misturando tudo como se fosse tudo igual e, em última análise, para acabar com toda uma atividade
fundamental no mundo rural. Sim, aquele mundo rural de que não gostam, que não ouvem e do qual não querem
saber, porque não os recebem e não ouvem a opinião de quem, de facto, está lá e conhece a realidade.
Depois, fala-se de biodiversidade, de coesão territorial, de proteção animal, mas estes não passam de
grandes chavões completamente desgarrados do que é o nosso território e do que é o nosso País. A política
deve servir o País e o território! Mais, voltámos hoje a discutir estas matérias e, à la carte,vai-se propondo aqui,
vai-se alterando ali e acolá, quase por encomenda.
Protestos da Deputada do PEV Mariana Silva.
Hoje, em alturas da PAC (política agrícola comum), devíamos estar a discutir políticas públicas para o
território, para a agricultura, para as florestas, para a biodiversidade, para fazer a coesão territorial nos territórios.
Com a vida real das pessoas, com a falta de rendimento, com as condições de trabalho, com a produção, com
a alimentação dos portugueses é que deviam estar preocupados! Era em torno destas questões que nos
devíamos estar a congregar para discutir e estas deviam ser o motivo das iniciativas parlamentares. É isto que
interessa aos portugueses, não uma agenda que tenta impor-se num país que não existe, como se fosse esse
o País real. Ouçam o que diz o mundo rural! É gente, são pessoas que lá estão, são elas que têm os seus
territórios para gerir e, mais, são elas, acima de tudo, os grandes agentes de preservação do ambiente e da
biodiversidade. Sem gente não há mundo rural, sem economia não há gente. Decidam o que querem! Querem
acabar com o mundo rural e fazer dele o que acham, através dos filmes e dos livros e de um qualquer vídeo do
Youtube!?
Protestos da Deputada do PEV Mariana Silva.