1 DE ABRIL DE 2021
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Relativamente às iniciativas legislativas em discussão sobre a redução do número de alunos por turma, tal
teria uma implicação imediata no aumento dos custos de contratação de mais professores e de mais assistentes
operacionais. Pergunto quanto custaria ao Orçamento do Estado a diminuição do número de alunos por turma
que estes projetos propõem! Quantos milhões de euros?
Mais: com o aumento de turmas proposto nesses mesmos projetos, entre 19% e 30%, questiono, também,
onde haveria salas ou escolas para mais turmas. Paradoxalmente, teria o País de construir mais escolas em
tempos de contração demográfica assinalada.
Apesar da propaganda da viragem de página da austeridade, de facto o dinheiro não chega, infelizmente,
para tudo: veja-se a estimativa de 34,8% de carga fiscal para 2020; veja-se o pedido de fiscalização sucessiva
ao Tribunal Constitucional dos diplomas que alargam os apoios sociais a sócios-gerentes, a trabalhadores
independentes, a profissionais de saúde e aos pais que têm de ficar em casa por causa do encerramento das
escolas.
Mas este Governo repete até à exaustão o chavão de que «ninguém fica para trás». Sr. Presidente, Sr.as e
Srs. Deputados, neste caso, antes de querermos, temos de saber quanto custa para podermos tê-lo.
Todavia, diz-nos a investigação sobre esta matéria que a dimensão das turmas, desde que dentro dos limites
razoáveis, não tem grande influência na qualidade das aprendizagens.
Por que razão este Governo, que tanto fala na autonomia das escolas, que tanto enaltece o trabalho de
professores e diretores — quando lhe dá jeito, pois claro —, não passa da teoria à ação e deixa que sejam,
sobretudo, as estruturas pedagógicas das escolas a decidir, turma a turma, caso a caso, o número de alunos
por turma, conforme a intencionalidade pedagógica, consoante as características dos seus alunos, o ano de
escolaridade, a tipologia da turma, a tipologia da escola, estabelecendo limites, por exemplo, através da
determinação de um rácio professor/alunos?
Faz sentido ser o Ministério da Educação a decidir, centralmente, que todas as turmas do País tenham a
mesma dimensão? Não faz!
O PSD defende que a organização das turmas, os critérios de distribuição dos alunos pelas turmas e a sua
dimensão deverão ser da exclusiva responsabilidade das estruturas pedagógicas das escolas, podendo formar
turmas de dimensão variável, em função das características dos seus alunos.
O que a prática e a evidência científicas têm demonstrado é que fixar o número de alunos administrativamente
e a nível central não é a melhor solução, quer para alunos, quer para as famílias.
Relativamente aos exames, se, há cerca de um ano, o Governo determinou que os exames nacionais
serviriam apenas como prova de ingresso, agora, pelo segundo ano consecutivo, insiste em defraudar as
expectativas dos alunos, porque não lhes quer dar a possibilidade de fazer melhoria da classificação final das
disciplinas.
Há mais de um ano a lidar com a pandemia da COVID-19, o Ministro da Educação, no que toca à realização
dos exames nacionais, não aprendeu nada e não acautelou as expectativas e os interesses legítimos de milhares
de jovens no ensino secundário, evocando razões sanitárias. Só o laxismo, a inação e a impreparação do
Ministério da Educação justificam a sua decisão, uma decisão política que, deliberadamente, ignora o esforço,
a coragem e a vontade adicional de milhares de estudantes para quererem aceder aos cursos que pretendem
no ensino superior.
O Governo tinha a obrigação de ter planeado e acautelado as condições logísticas e organizacionais
necessárias para que também esses estudantes pudessem realizar os seus exames em condições sanitárias
de segurança. Então, não são as escolas o lugar sanitariamente mais seguro?!
O Governo, diligentemente, preferiu seguir o caminho mais fácil: proibir por decreto, porque, afinal, os
interesses dos estudantes e das suas famílias não estão no topo das prioridades da máquina burocrática do
Ministério da Educação.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Os estudantes que desejam realizar a melhoria da nota interna nas
suas disciplinas devem ter o direito de o fazer. Aliás, a Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior, como
já aqui foi dito, sugeriu que fosse aberta a possibilidade de realização dos exames utilizados para efeitos de
melhoria da nota interna, recomendação essa que acompanhamos.
Ao contrário do que os partidos de esquerda planeiam, querendo acabar com as provas finais e exames, o
PSD valoriza a avaliação, os exames e o mérito. Já aqui o disse: a avaliação externa das aprendizagens é dos
instrumentos de regulação do desenvolvimento do currículo e das aprendizagens.