I SÉRIE — NÚMERO 54
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Só há uma forma de baixar significativamente as comissões em toda a banca, é a CGD assumir um papel de
regulador do mercado, baixando as suas comissões, influenciando, assim, todo o mercado bancário e obrigando
os demais bancos a baixá-las também. É isso que o PCP também propõe com esta iniciativa.
Srs. Deputados, tendo acabado este nefasto plano de reestruturação de 2017-2020, estará em curso a
discussão de um novo plano estratégico. Aquilo que o PCP adianta, com este projeto, é que se impõe uma
mudança de rumo, no fundo, uma Caixa Geral de Depósitos gerida por critérios de interesse público.
E, no momento em que também está para breve a nomeação de uma nova administração, é necessária uma
administração comprometida com o interesse público, coisa que a administração de Paulo Macedo não foi.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado Duarte Alves tem de novo a palavra, desta feita para uma declaração de
voto oral do PCP sobre o Projeto de Resolução n.º 1090/XIV/2.ª (PCP) — Pela salvaguarda do interesse
nacional, contra os esquemas fiscais e a autorização de alienação de barragens concessionadas pelo Estado à
EDP.
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Sr. Presidente e Srs. Deputados: Nos últimos meses, muito se tem falado
sobre a venda de barragens do Douro pela EDP (Energias de Portugal) à Engie, um negócio de mais de 2200
milhões de euros que a EDP procura, através de um esquema de planeamento fiscal, isentar do pagamento de
qualquer imposto.
Há mais de um ano, em fevereiro de 2020, o PCP apresentou uma iniciativa para impedir esta transação.
Sim, impedir, porque o Governo tem a prerrogativa de impedir a venda de partes da concessão.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Na altura, apresentámos razões de fundo, que se mantêm: a segmentação da
titularidade de ativos fundamentais para o sistema electroprodutor por várias empresas privadas de capital
estrangeiro, sem ligação ao País, põe em causa a soberania energética, a gestão de caudais e de reservas de
água doce e coloca um entrave à necessidade de recuperação do controlo público deste setor estratégico.
Na altura, o projeto foi rejeitado com os votos contra do PS, do PSD, do CDS, do IL e do Chega e a abstenção
do PAN.
Passado mais de um ano, às razões de fundo, que se mantêm, juntam-se os acontecimentos que estão à
vista de todos. O esquema fiscal da EDP e da Engie, avalizado pelo Governo, os processos judiciais sobre as
barragens, que levaram à saída de António Mexia e de Manso Neto da EDP e que aconselham maior cautela
em negócios que envolvem precisamente concessões sobre barragens, são razões que se acrescentam às
questões de política energética.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Duarte Alves (PCP): — Os Deputados do PSD, que tanto falam e que até mandam cartas ao Ministério
Público, voltaram hoje a votar contra esta iniciativa, que é a única solução para impedir este negócio ruinoso
para o País, escandaloso, do ponto de vista fiscal, e injusto para as populações das terras de Miranda.
Para o PSD, em fevereiro de 2020, seria, talvez, cedo demais. Agora, será, talvez, tarde demais. Mas a
verdade é que, quando há a oportunidade de a Assembleia da República dar um sinal claro ao Governo de que
deve utilizar a prerrogativa que lhe permite impedir esta venda, ainda para mais com o que hoje se conhece,
voltaram a rejeitar esta iniciativa. De facto, Srs. Deputados do PSD, quando os lobbies «uivam», o PSD enfia a
viola no saco.
Aplausos do PCP.