I SÉRIE — NÚMERO 56
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Relativa aos Projetos de Resolução n.os 998/XIV/2.ª e 1103/XIV/2.ª:
O sistema de águas da região do Alto Minho nasceu a 11 de janeiro de 2019 com a criação da AdAM – Águas
do Alto Minho, e pela celebração de um Contrato de Parceria Pública entre o Estado Português e os Municípios
de Arcos de Valdevez, Caminha, Paredes de Coura, Ponte de Lima, Valença, Viana do Castelo e Vila Nova de
Cerveira, prestando os serviços de abastecimento e saneamento de águas residuais e cobrindo uma área de
1585 km2. Está dimensionado para fornecer mais de 9 milhões de m3 de água potável por ano a cerca de 100
mil clientes e para recolher e tratar mais de 6 milhões de m3 de água residual por ano produzida por cerca de
70 mil clientes.
A AdAM foi constituída com o objetivo de «querer prestar um serviço mais fiável, eficaz e de qualidade,
através de uma gestão eficiente dos recursos naturais, das infraestruturas e dos serviços de operação e
manutenção, promovendo a melhoria da qualidade da água e reduzindo perdas de águas e infiltrações». Por
outro lado, afiançava «garantir o cumprimento dos requisitos legais aplicáveis e atuar de acordo com as melhores
práticas do setor da água em Portugal, garantindo um atendimento próximo e eficiente a todos os nossos
clientes».
Contudo, ao fim de dois anos de existência, a realidade demonstra que a fiabilidade diminuiu e a qualidade
do serviço baixou inaceitavelmente. Ao longo de 2020 registam-se problemas graves com a faturação aos
clientes. Em muitos casos a conta não correspondia à água consumida, chegando mesmo a ser apresentadas
contas desproporcionadas. As anomalias terão atingido 15 000 consumidores, segundo o que foi noticiado na
comunicação social (Jornal de Notícias, 16 de janeiro de 2021). O balanço é preocupante, pois têm-se
acumulado as queixas por partes dos cidadãos e de outros agentes do território, inclusivamente com expressão
na comunicação social de âmbito nacional. Instalou-se um clima de desconfiança e de descrédito que tem vindo
a comprometer os objetivos de melhorar o serviço de abastecimento de água nestes sete municípios.
Também os autarcas da região referiram em março passado que: «Precisamos de maior eficácia no terreno,
na realização da atividade da Empresa. Precisamos de mais e precisamos de melhor».
Os órgãos sociais da empresa, nomeadamente na administração, já se alteraram durante estes dois anos
várias vezes e têm mostrado dificuldades na criação de condições de estabilidade e fiabilidade na prestação do
serviço, o que pode colocar em risco o próprio Contrato de Parceria Pública.
No que ao concelho de Viana do Castelo diz respeito, existia até 2019 uma empresa, criada nos tempos de
gestão camarária do PSD, que procedia à distribuição de água de forma eficiente. Neste município, onde se
localiza a sede, onde tem os funcionários, muitos originários da anterior sociedade vianense, e com parte
significativa dos equipamentos desta, existe hoje uma nova empresa que funciona de forma deficitária e que
não tem servido os interesses dos vianenses.
Em face de dois anos de erros grosseiros e má gestão, com reflexos essencialmente inaceitáveis em Viana
do Castelo (que tinha uma sociedade originária que funcionava bem), considero que poderão estar, no atual
momento, comprometidos o interesse público e a resolução do conflito instalado. Revela-se, por isso, urgente
repensar e encontrar uma nova solução, que poderá passar pela reversão de todo o processo pelo menos neste
concelho, razão pela qual voto favoravelmente os projetos de resolução apresentados acima identificados, no
pressuposto de que haja a possibilidade jurídica do município de Viana do Castelo rescindir por justa causa,
sem entrega de qualquer valor compensatório e com a receção do património próprio desta autarquia.
Assembleia da República, 15 de abril de 2021.
O Deputado do PSD eleito pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo, Eduardo Teixeira.
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Nota: As declarações de voto anunciadas pelos Deputados do PS Miguel Matos, Lara Martinho e José
Manuel Carpinteira, pelo Deputado do BE Pedro Filipe Soares, pelo Deputado do PCP João Oliveira, pelo
Deputado do CDS-PP Telmo Correia, pela Deputada do PAN Inês de Sousa Real e pelo Deputado do CH André