14 DE MAIO DE 2021
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exemplo, que enfrentam riscos sérios de desertificação, temos assistido, nos últimos anos, a uma escassez
séria de meios hídricos, com populações a serem até abastecidas por autotanques.
Sr.ª Ministra, a água não é um recurso infinito, não podemos tratá-la como tal e é urgente que se tomem
medidas para a sua utilização de forma eficiente e responsável. É preciso apostar no reordenamento florestal
de forma a prevenir incêndios e a reter a água no solo.
O País continua a aguardar a elaboração de planos de adaptação às alterações climáticas, seja a nível
regional, seja a nível local, que orientem as empresas nas ações e nos investimentos a realizar.
Portanto, Sr.ª Ministra, perante as evidências científicas que conhecerá, perguntamos-lhe: que planos tem o
Ministério da Coesão Territorial para combater o risco de desertificação de regiões como a do Alentejo e a do
Algarve? Que papel vai ter o seu Ministério na necessidade urgente de reordenamento florestal e agrícola dessas
zonas? O que tem feito o seu Ministério para regular as atividades agrícolas intensivas e superintensivas?
Neste momento, Sr.ª Ministra, tal como Odemira nos veio mostrar ou lembrar, a exploração de pessoas e a
exploração da natureza estão intimamente ligadas.
Para concluir, queria lembrar que outro risco que o País enfrenta por efeito das alterações climáticas é o da
inundação de várias zonas costeiras, de norte a sul, por via do aumento do nível do mar. Vários estudos apontam
para que, em menos de 30 anos, teremos consequências drásticas em regiões densamente povoadas. Portanto,
quando o PAN fala da eventual necessidade de relocalização de povoações e respetivas infraestruturas para o
interior, não podemos ficar à espera de que o mar nos molhe os pés.
Estamos a falar de investimentos muito significativos a nível nacional, que têm de ser planeados com a devida
antecedência e não nos podemos esquecer que a maior parte da população e do tecido empresarial se localizam
precisamente no litoral.
Pergunto-lhe, então, Sr.ª Ministra: a bem da coesão territorial, as zonas de risco estão devidamente
identificadas pelo Governo? Foram desenvolvidos planos para fazer face a esses riscos? Concorda com a
proposta do PAN para a elaboração de um atlas de risco das alterações climáticas, a nível nacional e a uma
escala local e regional, que identifique todos os riscos existentes em função de diferentes cenários climáticos e
que, para além de orientar as prioridades de ação do Estado, essa informação seja tornada pública para que os
agentes económicos e sociais também possam apostar no planeamento das suas atividades e, evidentemente,
na reconversão de indústrias altamente poluentes com o devido apoio do Estado?
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado André Ventura, para pedir esclarecimentos.
O Sr. André Ventura (CH): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, ia fazer-lhe duas perguntas, mas, antes, não posso deixar de responder ao Sr. Deputado José Luís Ferreira que não tenho nenhum problema com o Dr.
Passos Coelho. Tenho é um problema com a falta de verdade, porque a extrema-esquerda insiste que esse
Governo foi o único responsável por todos os males do País.
Protestos do PCP e do PEV.
Sr. Deputado, recordo que foi em 2015, a propósito de coesão territorial, que António Costa disse que as
portagens na Via do Infante eram para acabar. E não o vi preocupado em criticar isso.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Foi o PSD!
O Sr. André Ventura (CH): — Vi-o preocupado em atacar o PSD e não em atacar a Sr.ª Ministra, que representa o Governo de António Costa.
Ouvi esta Sr.ª Ministra que aqui está a dizer que, em meados de 2019, todas as casas atingidas pelas
tragédias dos incêndios estariam reparadas. E não era o PSD que lá estava, Sr. Deputado, era o Governo do
Partido Socialista.
O meu problema, Sr. Deputado,…
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Qual é?!