I SÉRIE — NÚMERO 65
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As escolas são as mais inclusivas. Ali, não existe escola de ricos nem escola de pobres, só há uma, e,
portanto, as oportunidades, os professores são os mesmos. Muitos conseguem os melhores resultados do País,
terminam o secundário e seguem para a grande cidade, onde se encontram as universidades que têm cada vez
mais alunos, em detrimento das universidades e politécnicos do interior, que perdem alunos, dinamismo e
capacidade financeira para investir mais em investigação e desenvolvimento.
É assim que os nossos jovens vão e já não voltam. Não voltam porque os empregos qualificados e bem
remunerados multiplicam-se nas grandes cidades, onde empresas privadas e públicas se instalam, não voltam
porque os desafios estão na grande cidade, não voltam, porque precisam do futuro e os jovens não encontram
esse futuro no interior do País.
Muitas promessas, muitos planos, sim, passam para a história, e a história não passa de uma história de
enganar e não de encantar. É o que acontece, por exemplo, com a história da Unidade de Missão para a
Valorização do Interior. Foi uma história de encantar, bonita…
Em 2017, depois dos devastadores incêndios, o Governo fazia e dizia qualquer coisa para acalmar os ânimos.
Assim, sediou essa unidade em Pedrógão Grande, e fê-lo com grande pompa e circunstância. Hoje, da Unidade
de Missão para a Valorização do Interior não se conhecem nem grandes atividades nem funcionários que
marquem alguma diferença no Pinhal Interior, ou em qualquer outra parte do interior do País.
Pergunto-lhe, Sr.ª Ministra: já fechou a Unidade de Missão?
Recordamos que, em 2018, o Sr. Ministro Siza Vieira anunciava 164 medidas dessa Unidade para o interior.
Dizia, então: são medidas para «conseguir atrair investimento para os territórios do interior, por forma a criar
emprego que fixe populações». Dizia-o em Portalegre, um concelho a quem prometeram uma escola nacional
para a GNR, e nem projeto se conhece, um concelho que, só entre 2016 e 2019, perdeu mais de 700 habitantes.
Já agora, Pedrógão Grande perdeu mais de 100.
Mas podemos, ainda, perguntar: existiu, nestes territórios, um aumento significativo de novas empresas? Sr.ª
Ministra, sei que falou de há um ano a esta parte, porque o seu Ministério só existe desde então, mas este
Governo, este PS, está há cinco anos a governar. E não, não existe um aumento significativo de empresas!
As portagens das ex-SCUT diminuíram a ponto de reduzir os custos de contexto de empresas e residentes
do interior? Não! Não, Sr.ª Ministra, isto não aconteceu!
A população residente no interior está a aumentar ou, pelo menos, a manter-se? Não, também não!
Em suma, a valorização do interior está a acontecer? Não, Sr.ª Ministra, lamento discordar de si mas não
está!
Sr.ª Ministra, está a defender um Governo do PS que está a governar há cinco anos e não se encontram
sinais de retrocesso no processo de perda da população.
Entre 2016 e 2019, a CIM das Beiras e Serra da Estrela perdeu mais de 7200 residentes, a CIM da Beira
Baixa perdeu 2500 residentes. Isto são mais de 3%, em quatro anos, Sr.ª Ministra!
A Sr.ª Ministra já teve a coragem de assumir que, e passo a citar, ou perto disso, «é quase uma tarefa
impossível o seu Ministério (…) conseguir convencer os outros Ministérios a desconcentrar serviços que estão
mal em Lisboa e que deviam estar no restante País».
Percebemos que o verdadeiro problema é o desdém e o estigma que estes governantes têm do interior, mas,
Sr.ª Ministra, lembre os seus colegas que, apesar de tudo, o interior já tem eletricidade e água potável e até já
tem bibliotecas e complexos culturais. E lembre-lhes que, um dia, poderão acordar e ter apenas um quarto do
território para governar, porque o restante — quem sabe?! — já estará por conta dos espanhóis.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Fazenda, do Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. Nuno Fazenda (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, Sr.ª e Srs. Secretários de Estado, gostaria de começar por saudar o Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata por ter trazido a debate o tema da coesão
territorial, que é um tema muito importante.
Mas não deixa de ser surpreendente que seja o PSD a propor este tema, porque, na verdade, o currículo do
PSD, em matéria de coesão territorial, tem que ver com o seguinte: encerramento de serviços públicos, que já
foi aqui bem recordado pelo Sr. Deputado do PEV;…