I SÉRIE — NÚMERO 65
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O Sr. Carlos Peixoto (PSD): — É a lógica da batata!
O Sr. Nuno Fazenda (PS): — Sr.ª Ministra, a trajetória de apoio ao interior deve ser prosseguida em várias frentes, e também nas portagens, com certeza, nomeadamente no próximo ciclo de fundos comunitários.
Por isso, deixo-lhe duas perguntas: que áreas considera prioritárias para o desenvolvimento do interior nos
próximos anos? E que instrumentos e fundos tem o Governo ao dispor para potenciar e dar continuidade ao
desenvolvimento do interior de Portugal?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, pelo Grupo Parlamentar do PCP, o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, Sr.ª e Srs. Secretários de Estado, a Sr.ª Ministra, na sua intervenção inicial, usou uma expressão que não é muito animadora, ao dizer «quero acreditar no
desenvolvimento do interior». É que «querer acreditar»… Todos queremos acreditar em muita coisa e entre
querer acreditar e acreditar mesmo há, de facto, uma grande diferença.
O problema do desenvolvimento do interior do País não é a falta de discursos e de proclamações, o problema
é que os atos têm andado, normalmente, ao contrário das proclamações e das intenções manifestadas por
vários Governos, quer do PSD e do CDS, quer também do Partido Socialista.
Mas isto vem a propósito do seguinte: o conceito das SCUT, das autoestradas sem custos para o utilizador,
foi introduzido precisamente por um Governo do Partido Socialista com o objetivo de melhorar as acessibilidades
e de promover o desenvolvimento do interior. Acontece que Governos do PSD e do CDS, que sempre foram
contra esse conceito e sempre defenderam a ideia do utilizador-pagador, introduziram portagens na
generalidade das SCUT e o Partido Socialista nunca se dispôs a abolir essas portagens, indo ao encontro, aliás,
daquele que era o espírito inicial de criação das SCUT.
Bom, o PCP tem vindo a insistir na abolição das portagens nas SCUT, juntamente com as populações, com
os autarcas e até mesmo com os Deputados do PS e do PSD, que nos seus distritos que são atravessados por
SCUT o defendem, intransigentemente, junto das populações e das autarquias, mas depois, aqui, na Assembleia
da República, confrontados com propostas do PCP nesse sentido, têm uma amnésia relativamente àquilo que
andaram a defender nos respetivos distritos, e aquilo que verificámos no Orçamento do Estado foi que foram
rejeitadas, pelo PS e pelo PSD, as propostas do PCP de abolição das portagens, acabando por ser aprovada
uma proposta do PSD de fazer «uma atenção» às populações, reduzindo as portagens nas SCUT a partir do
dia 1 de julho.
Ora bem, Sr.ª Ministra, aquilo que lhe queria dizer — e agora sou eu que o digo — é que quero acreditar que,
com essa proposta, mesmo limitada como é e com os entraves que o PSD, ele próprio, se encarregou de
introduzir na redação que foi aprovada no dia 1 de julho, estejam efetivamente em vigor os descontos nas SCUT,
tal como está determinado na Lei do Orçamento do Estado.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Silva, pelo Grupo Parlamentar «Os Verdes».
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, nas últimas décadas, muitos foram os debates e as promessas de medidas e investimentos para reforçar a coesão territorial
e atenuar as assimetrias regionais, ao mesmo tempo que se encerravam serviços públicos, concentrando-os e
deslocalizando a sua gestão para os centros urbanos.
O encerramento de serviços públicos tem sido justificado por haver cada vez menos utentes, mas ele tem
um efeito dominó. É uma política desastrosa, assumida nos últimos anos, que se faz hoje sentir, impossibilitando
a atração de população e empresas, conduzindo à saída dos mais jovens que procuram trabalho e qualidade
de vida, para a qual os serviços públicos contribuem positivamente noutras paragens, nomeadamente nos
grandes centros urbanos.
O Estado deve contribuir para criar condições de fixação das populações e não o oposto.