I SÉRIE — NÚMERO 66
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Defendemos sempre que uma coisa é definir os critérios para a criação de novas freguesias que nunca
tenham existido e outra coisa é permitir um regime excecional em que os critérios que deveriam estar
subjacentes a esse regime excecional seriam a posição e a vontade expressas pelas populações.
Por isso, o PCP traz hoje a avocação da votação pelo Plenário de duas propostas suas relativamente a esta
matéria. Uma primeira, relativa a um processo de reposição de freguesias, em que criamos um procedimento
verdadeiramente transitório e excecional que permita que todas as freguesias em que as populações defendem
a sua reposição possam ser repostas, uma vez que, com o texto que está a votação, muitas delas não verão a
luz do dia pelos critérios a que estão sujeitas na proposta em discussão. E uma segunda, que prevê a
possibilidade de realização de eleições intercalares, ficando bem claro, quando a freguesia é criada, a
possibilidade de haver essas eleições intercalares de seguida.
O PCP sobre esta matéria tem sido muito claro. Desde o primeiro momento, trouxe propostas e soluções
concretas para resolver este problema. As freguesias foram extintas há oito anos, os problemas continuam no
território e as populações reivindicam que elas sejam repostas.
O Sr. Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Vou terminar. Não tivesse sido a oposição do PS, do PSD, do CDS, do CH e do IL, poderíamos ter aprovado, aqui, na
Assembleia da República, um regime que permitia a reposição das freguesias, e a tempo das eleições
autárquicas que irão realizar-se este ano.
O Sr. Presidente: — Tem de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Esta é uma matéria que está em cima da mesa e, pela nossa parte, iremos continuar a lutar ao lado das populações, para que a sua vontade seja respeitada.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria da Luz Rosinha, do Grupo Parlamentar do PS.
A Sr.ª Maria da Luz Rosinha (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Chegámos hoje ao fim de um longo processo de discussão acerca de uma matéria que afetou milhares e milhares de pessoas.
Tendo participado ativamente nela, reconheço o empenhamento de todos os grupos parlamentares e dos
deputados únicos representantes de partido (DURP) naquilo que foram as conclusões obtidas.
Nem sempre estivemos de acordo, mas a verdade é que tivemos sempre, como objetivo principal, a
responder, de uma forma clara e o melhor possível, às necessidades das populações.
Fizemos cerca de uma dezena de audições, ouvimos todas as entidades que se relacionam, no seu dia a
dia, com os órgãos representativos das freguesias e também sempre foi dito por todos os partidos que deveria
ser respeitada a vontade dos órgãos.
Por isso, parece-me estranho que hoje tragam aqui propostas segundo as quais, afinal, já não chega que os
órgãos representativos eleitos pelos cidadãos se pronunciem. Assim, foi referido pelo Sr. Deputado José Maria
Cardoso, do BE, que há a possibilidade de uma iniciativa de cidadãos, no sentido de apresentarem uma proposta
que venha a permitir o espoletar do processo.
A posição do Partido Socialista, desde o primeiro momento, é a de reconhecermos o problema e querermos
resolvê-lo. Mas estes são processos que demoraram muito tempo agora e que irão demorar algum tempo a
maturar e a tornar-se consistentes para poderem ter melhores resultados do que aqueles que tiveram em
momentos anteriores.
O Partido Socialista comprometeu-se e cumpriu. Por isso mesmo, hoje vamos votar favoravelmente uma
proposta que, consideramos, respeita e atende às preocupações das populações.
Aplausos do PS.